Famoso maestro Seiji Ozawa completa 80 anos
1 de setembro de 2015Seiji Ozawa nunca foi muito afeito a expressões faciais dramáticas nem gestos exagerados com a batuta – atitude que geralmente tem por objetivo prender a atenção tanto o público como dos músicos da orquestra. Mas quando se trata de transmitir suas ideias de interpretação, o calmo por natureza maestro Ozawa sabe muito bem ser enérgico e se impor perante a orquestra. Já há décadas Seiji Ozawa é um dos regentes mais importantes do Japão e sem dúvida uma das grandes estrelas dos palcos internacionais. O que pouca gente sabe é que a batuta foi uma solução de emergência para salvar sua carreira musical.
De pianista a regente
Ozawa nasceu em 1ª de setembro de 1935 no estado de Mandschukuo, que hoje pertence à China. Seu pai era dentista, mas ele nunca demonstrou o menor interesse em seguir a profissão. Sua paixão era o piano.
Depois que a família mudou-se para o Japão, Seiji Ozawa, então com nove anos de idade, começou a ter aulas com o famoso violoncelista e maestro Hideo Saito, e se dedicou intensamente às obras para piano de Johann Sebastian Bach.
A almejada carreira de pianista teve porém um fim inesperado. Ozawa sofreu um grave ferimento na mão durante um jogo de rugby. Incentivado por seu professor Saito, ele passou a se dedicar então à regência.
Bolsa de estudos com Karajan
Em 1959, Ozawa ficou em primeiro lugar no conceituado Concurso Internacional para Regentes na cidade francesa de Besançon. Na ocasião, Charles Münch, o diretor musical da Orquestra Sinfônica de Boston, se interessou pelo jovem Ozawa e o convidou para estudar com seu colega Pierre Monteux, no renomado Music Center Tanglewood, em Boston, nos Estados Unidos. Pouco tempo depois, o jovem estudante de 25 anos pôde provar seu enorme talento musical quando ganhou o Prêmio Koussevitzky, o mais conceituado em Tanglewood.
Em 1960, Ozawa recebeu uma bolsa para estudar com o famoso maestro austríaco Herbert von Karajan, regente da Filarmônica de Berlim. Ele viveu durante um ano na antiga Berlim Ocidental, onde conheceu Leonard Bernstein, que o convidou posteriormente para ser seu assistente. Em Nova York, recebeu então os últimos retoques na sua formação profissional como regente e, em 1962, estreou à frente da Orquestra Sinfônica de São Francisco.
Início da carreira nos EUA
Nos anos seguintes, o jovem regente ganhou reconhecimento nos Estados Unidos. Depois de atuar como regente convidado em Chicago e em Toronto, no Canadá, Ozawa assumiu, em 1973, o posto de diretor musical da Orquestra Sinfônica de Boston, uma das cinco mais importantes orquestras dos Estados Unidos.
Foi assim que começou um relacionamento artístico extremamente longo e produtivo: até 2002 Seiji Ozawa conduziu a Orquestra Sinfônica de Boston, e esse contato perdurou por vários anos. Durante os quase 30 anos de atuação à frente da orquestra, ele não apenas consolidou a reputação mundial da Sinfônica de Boston como também trabalhou um amplo repertório, incluindo inúmeras obras de música contemporânea, e gravou ainda com essa orquestra a maioria de seus mais de 400 discos e CDs.
Aclamado mundialmente
Como regente da Orquestra Sinfônica de Boston, Ozawa realizou com muito sucesso turnês por todo o mundo, sendo ovacionado não apenas em seu país natal como também em todas as principais metrópoles europeias. Em 2002, com 67 anos de idade, o maestro encerrou seu trabalho como diretor musical em Boston e prosseguiu sua carreira em Viena, assumindo o posto de Diretor Musical da Ópera Estatal. No mesmo ano, regeu o tradicional concerto de Ano Novo da Orquestra Filarmônica de Viena.
Por motivos de saúde, Seiji Ozawa cancelou em 2010 todos os seus compromissos e renunciou a todos os postos em que atuava, retirando-se da vida artística. Depois de sua recuperação, em 2013, voltou a reger no Saito Kinen Music Festival, no Japão, do qual é um dos fundadores. Hoje Seiji Ozawa completa 80 anos, e o que não falta na vida do grande maestro são planos musicais para o futuro!