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Maduro reaparece e diz que militares ainda apoiam regime

1 de maio de 2019

Após 15 horas sem fazer aparições em público, líder venezuelano fez pronunciamento na TV rodeado de membros das Forças Armadas e afirma que levante convocado pela oposição foi derrotado.

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Nicolás Maduro
Maduro: "Eles [a oposição] fracassaram em sua convocação, porque o povo da Venezuela – com exceção de uma minoria – quer paz"Foto: Reuters/Miraflores Palace

O líder venezuelano Nicolás Maduro rompeu o silêncio que manteve ao longo do dia com um pronunciamento na televisão do país na noite desta terça-feira (30/04). Foi a primeira aparição pública de Maduro após a oposição convocar um levante popular e militar para derrubar o regime chavista.

Em seu pronunciamento, Maduro classificou o levante, que foi convocado no início da manhã pelo oposicionista Juan Guaidó, de uma "escaramuça golpista que foi derrotada". Maduro também disse que o regime continua contando com o apoio dos comandos militares.

Mais cedo, Guaidó, o líder da Assembleia Nacional que foi reconhecido como presidente interino da Venezuela por cerca de 50 países, garantiu que os militares haviam se voltado contra o governo e aderido ao levante, que marcou uma nova escalada da crise política que atinge o país. 

"Eles [a oposição] fracassaram em sua convocação, porque o povo da Venezuela – com exceção de uma minoria – quer paz", disse Maduro. "Nunca nos renderemos às forças imperialistas (...) Estamos enfrentando formas de violência, diversas modalidades de golpe de Estado por causa do esforço obsessivo de um grupo da ultradireita venezuelana e do imperialismo."

Maduro também lançou novos ataques aos Estados Unidos, à União Europeia e à Colômbia, que segundo ele, apoiaram o levante. "Com que cara os governos da Europa vão ficar após esse apoio a uma intentona golpista da ultradireita venezuelana?"

O líder também afirmou que envolvidos no levante estão sendo interrogados pelas forças de segurança do regime. Ele também disse que todos os "participantes devem se render". "Isso não vai ficar impune", afirmou.

Maduro ainda desmentiu que tivesse a intenção de deixar o poder e refugiar-se em Cuba, como afirmou mais cedo o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo. Sem mostrar provas que respaldassem suas afirmações, Pompeo afirmou ainda que Maduro só permaneceu na Venezuela após ser instado pelo governo da Rússia. "Que falta de seriedade", disse Maduro sobre a fala do secretário americano.

As imagens divulgadas pelo canal estatal VTV mostraram Maduro em uma sala do Palácio de Miraflores, em Caracas, ao lado de outros homens fortes do regime, como o presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, e o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, além de vários militares de alta patente.

Ao longo do dia, Maduro havia se limitado a escrever uma mensagem no Twitter, na qual disse que continuava a contar com o apoio dos comandos militares do país.

Venezuela tem dia de confrontos nas ruas

Enquanto Maduro permaneceu em silêncio, a Venezuela foi mais uma vez sacudida por protestos. A reação do regime foi dura. Forças de segurança atiraram balas de borracha e gás lacrimogênio em manifestantes.  Imagens mostraram um tanque militar atropelando manifestantes em Caracas. Ao menos 69 pessoas ficaram feridas e um homem morreu. 

Ao final do dia, a oposição parecia longe do objetivo anunciado pela manhã: a derrubada de Maduro. Conforme o governo reagia e os manifestantes iam sendo repelidos, ia ficando claro que a convocação de Guaidó ainda não foi suficiente para garantir a adesão das altas patentes militares que controlam as tropas do país.

Ao cair da noite, o movimento demonstrava sinais de enfraquecimento. Vinte e cinco militares de baixa patente que haviam decidido apoiar Guaidóprocuraram refúgio na embaixada do Brasil em Caracas. O líder oposicionista Leopoldo López, que preside o partido de Guaidó, seguiu o exemplo e foi inicialmente para a embaixada do Chile – depois procurou refúgio na sede da missão diplomática da Espanha. 

Apesar de o levante não ter conseguido atingir o objetivo pretendido, Guaidó voltou a insistir na noite desta terça-feira que Maduro perdeu o "respeito das Forças Armadas" da Venezuela. "Hoje foi um dia histórico para a Venezuela, o início da fase definitiva da Operação Liberdade", disse.

"Maduro não tem apoio nem respeito das Forças Armadas, muito menos do povo da Venezuela, porque não protege ninguém, não oferece resultados, não oferece soluções", afirmou Guaidó em um vídeo divulgado nas suas redes sociais.

Ele também pediu que os venezuelanos continuem a manter a pressão contra o regime com novos protestos na quarta-feira. "Nós vamos continuar por toda a Venezuela, nós vamos estar nas ruas", disse Guaidó na noite de terça-feira.

JPS/efe/afp/ots

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