Europa cogita reforçar segurança nas fronteiras externas
11 de novembro de 2020Líderes europeus discutiram em videoconferência nesta quarta-feira (11/11) sobre como lidar com o aumento do terrorismo no continente, após os recentes atentados na França e na Áustria.
O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou a reunião após o ataque em Viena na semana passada, onde um atirador matou quatro pessoas no centro da capital austríaca. Ele pediu uma resposta rápida e coordenada ao que chamou de mau uso das provisões de asilo na Europa.
"Em todos os nossos países, testemunhamos o mau uso do direito de asilo" afirmou Macron. Segundo o francês, os abusos são cometidos por traficantes de pessoas, grupos criminosos ou indivíduos de países que, como afirmou, "não estão em guerra" e que se infiltram em meio a outros que buscam refúgio no continente.
O ataque em Viena foi executado por um homem de cidadania austríaca e macedônia. No mês passado, um radical islamista checheno decapitou um professor de história próximo a Paris, por ele ter exibido caricaturas do profeta Maomé em sala de aula. Dias depois, um tunisiano, que chegou à França após atravessar o Mar Mediterrâneo em um barco de migrantes, matou três pessoas em Nice.
Os crimes deixaram o continente em choque e reacenderam os debates em torno da segurança nas fronteiras europeias.
Nesta terça-feira, os líderes europeus prometeram agir para proteger o Espaço Schengen – a área de livre trânsito que inclui grande parte dos países europeus – e avaliam como reforçar a segurança nas fronteiras externas comuns.
"[O Espaço Schengen] apenas pode ser preservado se nós nos voltarmos urgentemente para as fronteiras externas", afirmou o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Ele disse que seu país apoia o fortalecimento da agência de fronteiras do continente, a Frontex, criada para ajudar os países a administrar seus limites territoriais.
Por sua vez, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, disse que é "urgente e crucial" para todos os países saberem quem entra e quem sai do Espaço Schengen.
Macron pediu melhorias no compartilhamento de dados entre os países da União Europeia (UE). "Cada falha de segurança nas fronteiras externas ou mesmo dentro dos Estados-membros é um risco de segurança para todos", disse o francês.
Na semana passada, ele anunciou que seu país deve dobrar o número de agentes nas fronteiras e pediu uma revisão aprofundada das regras do acordo de Schengen.
Entre as demais lideranças que tomaram parte na videoconferência, estavam o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chanceler federal austríaco, Sebastian Kurz, que pediu atenção especial aos ex-combatentes de milícias jihadistas que se encontram em solo europeu.
"Temos entre nós milhares de combatentes terroristas que sobreviveram aos combates na Síria e no Iraque pelo 'Estado Islâmico' e retornaram" alertou Kurz. "São verdadeiras bombas-relógio. Precisamos adotar uma abordagem mais sólida perante a ameaça que pesa sobre a Europa."
Merkel fez questão de esclarecer que não há um conflito entre o Islã e o cristianismo, mas ressaltou a necessidade cada vez maior de um "modelo de sociedade democrática para combater o comportamento terrorista e antidemocrático".
Macron ressaltou a necessidade de combater a "propaganda terrorista e o discurso de ódio" na internet. Ele tenta avançar nas próximas semanas a adoção de novas regulamentações no bloco europeu para forçar mídias sociais e portais de internet a remover com maior rapidez esse tipo de conteúdo de suas plataformas.
Os ministros do Interior dos países da UE se reunirão nesta sexta-feira para discutir meios de acelerar e melhorar as medidas antiterrorismo no continente. Os líderes do bloco europeu irão avaliar a situação em uma nova conferência em dezembro.
RC/ap/afp