Primavera Árabe
20 de outubro de 2011O ex-ditador líbio Muammar Kadafi faleceu nesta quinta-feira (20/10), em consequência de ferimentos sofridos durante a tomada de sua cidade natal, Sirte. Segundo Abdel Majid Mlegta, do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia: "[Kadafi] também recebeu um golpe na cabeça. Houve muitos disparos contra seu grupo e ele morreu".
Antes, Mlegta relatara à agência de notícias Reuters que o líder de 69 anos fora capturado e ferido em ambas as pernas na madrugada de quinta-feira, ao tentar fugir num comboio atacado pelos aviões de combate da Otan. Em seguida, Kadafi teria sido removido numa ambulância.
Sítio sangrento
Há semanas as tropas do governo de transição vinham cercando a cidade costeira no Mar Mediterrâneo, num combate caótico e sangrento, que custou numerosas vidas de ambos os lados. Segundo fontes não confirmadas do CNT, um grande número de cadáveres ainda se encontraria no interior do último reduto das tropas de Kadafi.
Os soldados comemoraram a vitória alçando a bandeira líbia, vermelha, negra e verde, sobre um edifício alto num subúrbio de Sirte, e entoando o hino do país. Além disso, os vencedores desfilaram pelas ruas, dando prolongadas salvas de tiros e brandindo facas e até cutelos de cortar carne.
Nas ruas da cidade portuária de Misrata – cidadela dos antigos rebeldes bombardeada meses a fio pelas forças do ditador – os habitantes se regozijam e distribuem doces.
Desafios para os sucessores
Ao todo, a guerra civil na Líbia durou oito meses. Procurado pelo Tribunal Penal Internacional sob acusação de ordenar a morte de civis, Muammar Kadafi fora deposto por forças rebeldes em 23 de agosto último, após 42 anos de governo despótico sobre a importante nação petrolífera do Norte da África.
Sua morte e a captura de Sirte, dois meses após a queda da capital Trípoli, representam o fim da última resistência significativa às forças governistas, assim como um clímax na assim chamada Primavera Árabe.
Nesse contexto, Kadafi é o primeiro chefe de Estado a quem a revolta popular custou, não apenas o poder, como também a vida.
Os desafios são consideráveis para o CNT presidido por Mustafah Abdul Jalil, a quem cabe começar a forjar um novo sistema democrático para o país. Segundo o premiê do governo interino, Mahmoud Jibril, o processo político teria que esperar até que os últimos territórios ao leste de Trípoli tivessem sido "libertados".
Agora a primeira tarefa será recolher as armas dos ex-rebeldes, e em seguida organizar eleições e decidir quem, entre os representantes do antigo regime, deve responder a processo e quem merece perdão.
AV/rtr//dpa/ap
Revisão: Carlos Albuquerque