Luz natural só depois de 8 km
7 de julho de 2003Apesar de a primeira explosão para abrir o Rennsteigtunnel já ter acontecido em agosto de 1998, muito antes das tragédias nos túneis alpinos Montblanc (França), São Gotardo (Suíça) e Tauern (Áustria), o mais longo túnel rodoviário da Alemanha foi planejado para ser também um dos mais seguros da Europa. Os projetistas da passagem sob o pico da serra da Floresta da Turíngia aperfeiçoaram os planos após as experiências com os acidentes que mataram dezenas de motoristas e passageiros.
Inaugurada pelo chanceler federal Gerhard Schröder no sábado e liberada ao trânsito nesta segunda-feira, a obra custou 250 milhões de euros e encurta a viagem de Erfurt, capital da Turíngia, ao sul do Estado, em uma hora e meia. De dentro da montanha foram retirados 1,35 milhões de metros cúbicos de pedra, aproveitados na construção da base de 50 quilômetros de estrada. Uma das dificuldades extras foi não afetar um túnel ferroviário, construído em 1884, acima do qual passa o túnel rodoviário a uma distância de sete metros.
Segurança em primeiro lugar –
Não só por razões de engenharia, mas também de segurança, o Rennsteigtunnel possui duas galerias, cada uma num sentido, afastadas 25 metros uma da outra. A maior delas mede 7916 metros; a menor, 7878. Ou seja, mais que o dobro do até então mais longo túnel da Alemanha, o Königshainer Berge, de 3,3 quilômetros, na Saxônia. O ângulo de inclinação é de 2,5%.As galerias do novo recordista possuem duas faixas de rolagem, além de acostamento. Do asfalto à iluminação no alto, há espaço para veículos com altura de até 4,5 metros. A cada 300 metros, há corredores de comunicação entre as duas galerias, num total de 25. A metade deles é larga o suficiente para a passagem de veículos de socorro. Duas centrais cuidam da ventilação.
Vigilância constante –
Todo o trânsito no túnel é vigiado por câmeras de tevê, instaladas a cada 150 metros, de modo que não há ponto morto para a central de controle. Caso algum veículo entre numa das áreas para parada de emergência, os controladores são automaticamente avisados. Em caso de necessidade, eles podem enviar alertas e orientações para os motoristas através dos rádios dos carros, em alemão, inglês e francês.Meses antes da inauguração, as autoridades promoveram um ensaio geral de catástrofe no túnel. O esquema de emergência está de tal forma organizado que, em pouco tempo, 400 bombeiros, policiais, socorristas e especialistas da defesa civil podem chegar ao local. Em caso de incêndio, sensores identificam rápido aumento de temperaturas (por exemplo, de cinco graus em apenas três segundos) e acionam o alarme. Portas à prova de gases fecham as passagens de comunicação entre as galerias. Com isto aumenta a pressão do ar na outra galeria e os gases do incêndio podem ser contidos.
Também por medida de segurança, fixou-se em 80 km/h a velocidade máxima, tanto neste como nos demais três túneis sob a Floresta da Turíngia e quatro grandes pontes sobre seus vales, num total de 17 quilômetros. Quem respeitar o limite, levará seis minutos para sair do outro lado do Rennsteigtunnel.
Para não assustar os apressados com flashes fotográficos – o que poderia provocar acidentes em caso de reações com freadas bruscas –, o governo da Turíngia mandou instalar pardais especiais, equipados com raios infravermelhos para leitura das placas dos infratores mesmo no escuro. Nos dois primeiros anos de operação, caminhões com carga perigosa – combustível, por exemplo – não poderão atravessar o maior túnel alemão.
Túneis unindo a Alemanha
– A auto-estrada A71 é um dos mais trabalhosos e caros empreendimentos do programa Unidade Alemã, que prevê a integração viária do Leste, ex-território da Alemanha Oriental, ao restante do país. Somente no Estado da Turíngia, a auto-estrada terá seis túneis e 22 pontes. Uma delas, com 552 metros de comprimento, é também a mais longa, construída em arco, na Alemanha.Com o Rennsteigtunnel, entregou-se ao trânsito mais 16,5 quilômetros da A71, entre Ilmenau e Meiningen. Agora estão prontos 83 quilômetros desta cidade até à capital da Turíngia, Erfurt. Outros 13,3 quilômetros estão em construção. Até 2005, a auto-estrada deverá chegar, na direção sul, a Schweinwurt, no norte da Baviera. Também chamada de Auto-estrada da Floresta da Turíngia, ela é um projeto de custo superior a um bilhão de euros.