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Lula fará visita oficial à Alemanha em dezembro

19 de julho de 2023

Presidente será recebido por Scholz em Berlim, na primeira viagem oficial de um chefe de Estado brasileiro desde 2012. Países vão ainda reativar mecanismo de consultas, que ficou paralisado após impeachment de Dilma.

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Lula e Scholz durante reunião do G7
Lula e Scholz durante reunião do G7, em maioFoto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será recebido pelo chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, em Berlim, em 4 de dezembro, marcando a a primeira visita oficial de um chefe de Estado brasileiro ao país europeu em mais de uma década. O convite foi feito por Scholz em uma reunião bilateral na terça-feira (18/07), em Bruxelas, durante a cúpula conjunta da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).

Os líderes dos dois países ainda acertaram uma segunda Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível, um mecanismo de trocas bilaterais que a Alemanha mantém apenas com um seleto grupo de países e que costuma elevar a cooperação a um novo patamar, com reuniões periódicas entre ministros e empresários do alto escalão dos países envolvidos.

Até hoje, no entanto, apenas uma reunião no âmbito desse mecanismo ocorreu: em agosto de 2015, quando a então chanceler Angela Merkel desembarcou no Brasil com diversos ministros para uma série de encontros com autoridades brasileiras. Na ocasião, foram discutidos temas como cooperação ambiental, cibersegurança e o pleito de ambos os países para uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A previsão original era que as reuniões ocorressem periodicamente a cada dois anos e abrissem uma nova era de relações ainda mais estreitas entre os dois países, mas um segundo encontro nunca ocorreu nos sete anos seguintes, por causa da instabilidade política pós-impeachment no Brasil, que levou Berlim e Brasília a se distanciarem. Nos anos seguintes ao impeachment de Dilma Rousseff, a Alemanha não escondeu que queria distância da turbulência dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Em 2017, Merkel esteve na América Latina, visitando Argentina e México, mas evitou passar pelo Brasil.

Temer e Bolsonaro também nunca foram convidados para visitas oficiais pelo governo da Alemanha. Temer apenas se limitou a participar de uma reunião multilateral do G20, em Hamburgo, em 2017. A última visita oficial de um presidente brasileiro ao país ocorreu em março de 2012, quando Dilma foi recebida por Merkel em Hannover.

Já o novo encontro em dezembro, que contará com representantes de vários ministérios dos dois países, está previsto para ocorrer no retorno da viagem do presidente Lula aos Emirados Árabes Unidos – onde ele participará da COP28, que ocorre a partir de 30 de novembro em Dubai.

Merkel e Dilma
Merkel e Dilma em 2015. Relações entre os dois países esfriaram após impeachmentFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

As relações Brasil-Alemanha

A Alemanha é o principal parceiro comercial do Brasil na Europa e o quarto parceiro comercial brasileiro no mundo, depois de China, Estados Unidos e Argentina. Há cerca de 1.400 empresas atuando no Brasil, como Volkswagen, Mercedes-Benz, Siemens e Basf. No século 20, São Paulo tornou-se o maior polo industrial alemão fora do país europeu.

Políticos dos dois países começaram a ensaiar uma reaproximação ainda antes do fim do governo Bolsonaro. Em novembro de 2021, quando Scholz ainda estava montando seu governo, ele se reuniu com Lula em Berlim, meses após o brasileiro conseguir a anulação de suas sentenças judiciais e se cacifar novamente para concorrer à Presidência.

Em janeiro de 2023, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, viajou a Brasília para participar da cerimônia de posse de Lula. No final de janeiro, foi a a vez de Scholz desembarcar no Brasil, na primeira visita de um chefe de governo alemão desde 2015. Nos últimos meses, os dois países reativaram vários mecanismos de cooperação, como o Fundo Amazônia, mas, apesar da reaproximação, Berlim e Brasília têm divergências em temas como a guerra na Ucrânia e fornecimento de armas para Kiev.

jps (ots)