Lufthansa completa 80 anos
6 de janeiro de 2006Depois de festejar em 2005 o cinqüentenário de seu renascimento dos escombros da Segunda Guerra, a Lufthansa comemora nesta sexta-feira (06/01) os 80 anos de sua fundação em 1926.
A empresa, que surgiu da fusão Deutsche Aero Lloyd com a Junkers Luftverkehr, chegou a transportar um milhão de passageiros até 1934, quando passou a voar para Nova York e Tokio. Com o início da Segunda Guerra Mundial, a companhia foi praticamente subordinada à Força Aérea Alemã. No final do conflito, foi liquidada pelos Aliados e proibida de voar.
Reinício em 1955
Às 6h43 da manhã do dia 1º de abril de 1955, decolava o primeiro avião da Lufthansa do Aeroporto de Hamburgo, com destino a Munique. Passados dez anos do fim da Segunda Guerra Mundial, o mercado de aviação civil da Alemanha era dominado por companhias norte-americanas e de outros países da Europa. Foi uma conquista, portanto, quando uma empresa alemã voltou a ter o direito de trafegar pelo espaço aéreo do país.
O reinício foi modesto – apenas quatro rotas nacionais, que funcionavam de segunda a sexta-feira –, mas em pouco tempo o grou (pássaro símbolo da Lufthansa) já estava nas alturas. Em questão de meses, a empresa começou a voar para vários países europeus e inaugurou sua primeira rota transatlântica, com destino aos Estados Unidos. Não demorou muito para a Lufthansa reconquistar o espaço de destaque que tinha na aviação civil dos anos 30, antes da interrupção de suas atividades por causa da guerra.
Nas últimas cinco décadas, a empresa substituiu os aviões a hélice por jatos e boeings, inovou em design de aeronaves e em serviços (além de um bar completo para a primeira classe, a Lufthansa serviu cerveja em barril para os passageiros viajando na modalidade econômica).
A empresa também enfrentou diferentes fases econômicas: nos anos 50, a Lufthansa era "mais uma" entre diversas companhias aéreas estatais, como Air France-KLM (França/Holanda) e British Airways (Grã-Bretanha). A companhia passou pela crise do petróleo nos anos 70 – quando o preço do querosene comprometeu lucros de empresas de aviação ao redor do mundo – e teve de adequar suas finanças para sobreviver ao surgimento das companhias low fair, que oferecem serviços mais simples e passagens mais baratas.
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Enfrentando os problemas de frente
Nos anos 90, com a globalização caminhando a passos largos, a Lufthansa foi uma das várias empresas públicas da Europa a serem privatizadas. Desde 1997, é cotada em Bolsa de Valores. Nos últimos anos, em resposta às empresas de tarifa barata, a empresa passou a se concentrar nos vôos de longa distância, tanto para a Ásia quanto para as Américas e a África.
Depois dos ataques terroristas ao World Trade Center, em 2001, a Lufthansa – e várias outras companhias do setor – sofreram com a diminuição do número de passageiros. A Agência Internacional de Transporte Aéreo (AITA) calcula que as empresas de aviação civil de todo o mundo tenham perdido US$ 35 bilhões desde 2001 por causa da combinação do ataque às torres gêmeas em Nova York e de ameaças relacionadas à gripe asiática Sars e ao antraz, além da crise econômica mundial.
Em 2004, após um intenso programa de contenção de custos, a empresa alemã "deu a volta por cima" e lucrou 404 milhões de euros. Além de reduzir gastos com alimentação de bordo, a empresa firmou parcerias com companhias aéreas regionais para vôos de curta duração – preservando, assim, sua frota de aeronaves. Para o público brasileiro, é importante o fato de a companhia ter se juntado à Star Alliance: assim, toda vez que o passageiro voar pela Lufthansa, acumulará milhas válidas também para a Varig.
No ano passado, a Lufthansa deu outro sinal, aos 50 anos, de que o grou ainda está em plena forma. A empresa adquiriu a Swiss, companhia suíça afetada pela crise que abateu a aviação civil após o 11 de setembro de 2001. O preço da compra girou em torno de 310 milhões de euros e a marca Swiss foi mantida.
Um emaranhado de números
Nos últimos 50 anos, administrar a Lufthansa tornou-se uma tarefa cada vez mais complicada. Tenha uma idéia, em números, da quantidade de pessoas, equipamentos e produtos que a segunda maior companhia aérea da Europa precisa para funcionar:
- Passageiros ao dia: 125 mil
- Passageiros em janeiro/2005: 3,4 milhões
- Passageiros ao ano (2004): 51 milhões
- Litros de água mineral: 53 mil/dia
- Litros de suco de tomate: 1100/dia
- Pratos especiais, para passageiros vegetarianos, por exemplo: 1400/dia
- Aterrissagens e decolagens: 1700/dia
- Número de novas aeronaves (2007): 15
Leia mais sobre a primeira fase da Lufthansa
Primeira fase
Fundada em 1926 como Sociedade Alemã Luft Hansa, a partir de uma fusão de duas companhias – Junkers Luftverkehr e Deutsche Aero Lloyd (DAL) –, a empresa logo se destacou por suas aeronaves modernas e pelo arrojo na escolha das rotas. Ainda no fim dos anos 20, a empresa foi notícia no mundo todo ao promover uma expedição aérea para a China.
Em 1936, já funcionando como Lufthansa (nome que recebeu em 1933), a empresa abriu um serviço de correio aéreo para o Atlântico Sul, incluindo o Brasil. Ainda na mesma década, já oferecia vôos regulares que cruzavam o Atlântico Norte e, em 1939, as rotas da Lufthansa incluíam destinos tão díspares quanto Bangkok (Tailândia) e Santiago (Chile).
Tanto progresso, entretanto, foi subitamente interrompido pela guerra. Nos seis anos de conflito, exceto em algumas poucas rotas na Europa, todos os serviços civis foram interrompidos, assim como o tráfego de correspondências e cargas. As negociações entre o Ministério dos Transportes da Alemanha e os aliados para a reativação da Lufthansa foram iniciadas somente em 1951.
Durante um curto período de tempo, existiram duas Lufthansa – nos lados Ocidental e Oriental da Alemanha. Entretanto, uma decisão judicial garantiu o direito do nome ao governo ocidental. A outra companhia foi rebatizada Interflug. Por causa da divisão do país após a Segunda Guerra Mundial, a Lufthansa só voltaria a voar para Berlim após a queda do Muro de Berlim, em 1989.