Lille e Gênova, capitais européias 2004
8 de janeiro de 2004La Superba é como os italianos denominam Gênova, que em 2004 divide com a francesa Lille o título de capital cultural da Europa. Na noite desta quinta-feira (8/1), com um concerto de gala, o tenor espanhol José Carreras abre oficialmente as festividades que prosseguem até dezembro na cidade portuária italiana.
Um dos pontos altos de Gênova 2004 é a inauguração do Pavilhão do Mar e da Navegação, anexo ao Museu Naval, que permitirá ao visitante uma verdadeira viagem para entender a cultura marítima através do tempo. Outra atração é a fiel reprodução de uma galera do século 17. A embarcação, fruto de uma longa pesquisa histórica, tem 42 metros de comprimento e mostra como era a vida e o trabalho de marinheiros, oficiais e passageiros nas galeras.
A cidade vai homenagear também o pintor flamenco Peter Paul Rubens, que em 1607 morou nas proximidades. Ele será o tema de uma exposição de março a julho no Palazzo Ducale. "Esta é a oportunidade para as pessoas verem como a cidade mudou, como ela se tornou interessante", disse à DW-WORLD Enrico da Mola, diretor da agência de promoções Ge-Nova.
Do medieval ao moderno
Entre os filhos ilustres de Gênova, estão o navegador Cristóvão Colombo, o violinista Nicolo Paganini e o arquiteto Renzo Piano. Conhecido por seu arrojo técnico, Piano redesenhou o Porto Antico de sua cidade em 1992, tornando-o um moderno centro multifuncional, em evidente contraste com outros testemunhos da arquitetura na cidade, construídos desde o século 13.
Neste mesmo local, os temidos navios da frota genovesa levantavam âncora para conquistar os mares. Hoje, o porto da cidade de 700 mil habitantes é um dos maiores da região do Mediterrâneo. Seu símbolo é a Lanterna, o farol de 76 metros de altura.
Tanto Lille como Gênova investiram pesado para sacudir a poeira e polir a imagem, cansadas de serem vistas apenas como decadentes cidades históricas. O investimento Capital Cultural da Europa representa muito mais que as inúmeras atividades artisticas programadas até dezembro. Com o propósito não só de garantir um novo impulso turístico, mas também como chance de modernização da infra-estrutura, até dezembro a cidade francesa gastará em torno de 150 milhões de euros, enquanto a italiana calcula dispender cerca de 200 milhões de euros.
Resgatar o rico passado
Embora a cidade nunca tenha sido destruída por bombardeios, Lille sofreu da mesma forma com o desleixo de seus administradores. A cidade era o centro da indústria têxtil e mineira no norte da França. "Lille não quer mais ser uma cinzenta cidade industrial. Queremos resgatar nosso rico passado", lembrou Martine Aubrey, prefeita da cidade de 215 mil habitantes. A abertura das festividades, em dezembro, foi um sucesso: em vez de 200 mil visitantes, a cidade recebeu um milhão de turistas.
Fachadas, praças e ruas foram completamente restauradas, como o Rang du Beauregard, com seus prédios do século 17. Os pavilhões das fábricas desativadas ─ últimas cicatrizes da revolução industrial no século 19 ─ foram transformados em 12 modernos centros culturais, com ateliês de artistas, espaços para festas populares e locais de leitura. São as "maisons folie" (casas malucas), consideradas o emblema de Lille 2004.
Lille conta com o segundo maior museu da França, atrás apenas do Louvre, em Paris. Trata-se do Museu de Belas Artes, com cerca de 3 mil obras de mestres holandeses, italianos, franceses e espanhóis. Um dos pontos altos ─ e caros ─ da programação da cidade como capital cultural européia é uma retrospectiva de Rubens. A exposição de mais de 170 obras do mestre flamenco, a ser aberta no dia 6 de março, custou 73 milhões de euros.