Leni Riefenstahl no foco de exposição polêmica
13 de dezembro de 2002Cerca de 300 objetos, entre os quais fotografias, filmes e cartas, foram selecionados para documentar as implicações políticas da criação artística de Leni Riefenstahl durante o nazismo na Alemanha, bem como sua renascença na década de 60 e sua influência sobre a estética da publicidade nos dias de hoje. Aberta nesta sexta-feira (13), a exposição pode ser visitada até 2 de março na Casa da História (Haus der Geschichte), em Bonn.
Projeto polêmico —
Com a realização da mostra sobre a centenária cineasta — fonte infindável de protestos e controvérsias por ter colocado sua estética a serviço do nazismo, bem como por sua pertinácia em autodeclarar-se "apolítica" e comprometida somente com os ideais artísticos —, o museu, que é uma instituição oficial do governo, ousou "uma dança na corda bamba", nas palavras do presidente da fundação mantenedora, Hermann Schäfer.O governo alemão absteve-se de aplicar qualquer censura ao projeto, cuja realização encontrou resistência, gerou debates e foi alvo de protestos ainda antes da abertura da mostra. Schäfer acentua que Riefenstahl não teve nenhuma participação na concepção e realização, nem recebeu dinheiro para colocar objetos pessoais à disposição. Em sua opinião, a exposição cabe na incumbência oficial do museu, que é "fomentar reflexões acerca da história alemã" e não deve de maneira nenhuma ser interpretada como uma homenagem à "cineasta predileta de Hitler".
A ministra da Cultura, Christina Weiss, a quem intelectuais dirigiram uma carta aberta de protesto, defende a realização da mostra. Não há dúvida de que Leni Riefenstahl é uma personagem da história contemporânea da Alemanha, diz ela. Seria arriscado ignorar um tema tão controverso ou fazer dele um tabu: aí sim é que se poderia estar contribuindo para a mitificação de Riefenstahl, alerta a ministra.