Khamenei diz que sauditas enfrentarão "castigo divino"
3 de janeiro de 2016O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, alertou neste domingo (03/01) que a Arábia Saudita vai enfrentar uma "vingança divina" pela execução de um proeminente clérigo xiita, em declarações tornadas públicas um dia após manifestantes iranianos tentarem invadir a embaixada saudita em Teerã.
"A injusta execução deste mártir inocente será respondida de forma rápida, e os políticos sauditas enfrentarão um castigo divino", afirmou Khamenei, em texto publicado em seu site oficial. "Foi erro político do governo saudita."
Apesar da retórica, o Irã parece estar trabalhando para prevenir uma escalada na disputa. Neste domingo, cerca de 40 iranianos foram presos devido ao ataque à embaixada – um sinal de que Teerã está tentando manter a indignação popular sob controle.
Exemplo disso foi que, em seu discurso, o presidente Hassan Rouhani comprometeu-se a proteger a segurança das representações estrangeiras em seu país e a processar os responsáveis pelos ataques à diplomacia saudita.
Em uma série de mensagens postadas em sua conta pessoal no Twitter neste domingo, Rouhani culpou "indivíduos extremistas" pelos ataques na embaixada saudita em Teerã e no consulado na cidade de Mashhad.
"Antes de mais nada, pode ser considerado um insulto ao regime e prejudicial para a reputação da República Islâmica do Irã", disse Rohani. "Todas as autoridades do regime estão determinadas a fazer frente a estes atos delitivos."
Barril de pólvora
A Arábia Saudita executou o clérigo Nimr Baqir al-Nimr e três outros xiitas juntamente com mais de 40 membros da Al Qaeda no sábado, sinalizando que não vai tolerar ataques nem de jihadistas sunitas nem de membros da minoria xiita.
A maioria das pessoas executadas era de nacionalidade saudita, com exceção de um egípcio e um chadiano. As acusações incluem a adoção e promoção da ideologia takfiri (extremismo sunita), assassinato, sequestro, fabricação de explosivos e posse de armas.
Dos 47 executados, a maior parte foi condenada por ataques da Al Qaeda na Arábia Saudita há uma década. Quatro, incluindo o clérigo Nimr, foram acusados de atirar em policiais durante protestos contra o governo.
No Irã, uma teocracia xiita e rival da majoritariamente sunita Arábia Saudita, mídias estatais exibiam sem parar a cobertura de clérigos e membros do governo elogiando Nimr e prevendo a queda da família sunita que governa a Arábia Saudita.
Líderes xiitas em Iraque, Kuwait, Líbano e Iêmen também advertiram sobre possíveis represálias, sinalizando o risco de conflitos sectários ainda maiores em todo o Oriente Médio. Irã e Arábia Saudita travam há décadas uma disputa por influência na região, com guerras por procuração em vários de seus vizinhos.
RPR/ap/rtr/dpa