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Kerry diz que EUA não abandonaram processo de paz na Síria

4 de outubro de 2016

Estados Unidos e Rússia voltam a trocar acusações, em meio a crescente deterioramento das relações entre os dois países. Moscou suspende acordo para reciclagem de plutônio.

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John Kerry
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. DeCrow

O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou nesta terça-feira (04/10) que os Estados Unidos não abandonaram o processo de paz na Síria, apesar da ruptura das negociações com a Rússia sobre um novo cessar-fogo. "Permanecemos comprometidos com uma Síria pacífica, estável, unida e não sectária", afirmou.

Segundo ele, Washington e Moscou continuarão conversando sobre a Síria no âmbito das negociações multilaterais, por exemplo nas Nações Unidas. Além disso, militares americanos e russos vão continuar coordenando ataques aéreos no país árabe a fim de evitar incidentes.

Ao justificar o rompimento com Moscou, o secretário acusou a Rússia de rejeitar a diplomacia e escolher ajudar o regime do presidente Bashar al-Assad a conquistar vitórias militares sobre os grupos rebeldes a qualquer custo. "Vemos com pesar e grande indignação que a Rússia faz vista grossa diante do deplorável uso por Assad das armas de guerra que escolheu, como gás de cloro e bombas de barril, contra o seu povo", ressaltou Kerry.

"Juntos, o regime sírio e Moscou parecem ter rejeitado a diplomacia e tentam garantir a vitória militar sobre corpos destroçados, hospitais bombardeados, as crianças traumatizadas de um país que sofre há muito tempo", acrescentou. 

Destruição em Aleppo após bombardeios
Bombardeios em Aleppo foram um dos motivos da suspensão das negociaçõesFoto: Getty Images/AFP/T. Mohammed

Após a ruptura das negociações pelos americanos, Moscou disse nesta terça-feira que espera que a "sabedoria política" prevaleça em Washington. "Esperamos que haja sabedoria política e continuidade do diálogo sobre questões particularmente sensíveis, que são necessárias para a manutenção da paz e da segurança", ressaltou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Até onde sabemos, as trocas de informações entre nossos militares continuam e irão continuar", destacou.

Acordo sobre plutônio

As relações entre Rússia e Estados Unidos sofreram mais um revés nesta segunda-feira, quando Moscou anunciou que vai suspender a reciclagem de plutônio bélico, como previsto num acordo assinado entre as potências em 2000 e renovado em 2010.

O Kremlin acusou Washington de ignorar as condições previstas no documento e, por isso, afirmou não se sentir na obrigação de continuar cumprindo unilateralmente o acordo. Peskov disse ainda que a decisão foi motivada por "ações desagradáveis" dos EUA, sem dar mais detalhes. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, classificou a decisão russa de decepcionante.

Pelo acordo, Estados Unidos e Rússia deveriam reciclar, cada um, 34 toneladas de plutônio bélico. A substância seria usada, então, como combustível em usinas nucleares. O custo desse processo foi estimado em 5,7 bilhões de dólares. O pacto, porém, nunca foi aplicado e, em 2010, Moscou e Washington assinaram um protocolo adicional para torná-lo efetivo a partir de 2018. 

Para voltar a cumprir o acordo, Moscou exigiu dos EUA o fim das sanções contra o país e pediu uma reparação por danos causados. Como compensação, uma das exigências russa é a diminuição da presença militar americana nos países do centro e do leste da Europa que fazem parte da Otan.

CN/afp/rtr/dpa/ap/lusa