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Kamala promete ser "presidente de todos" ao aceitar nomeação

23 de agosto de 2024

Em discurso após nomeação para concorrer à Casa Branca, vice-presidente dos EUA prega mensagem de união, promete liderar o país em "um novo caminho" e não poupa críticas a Trump.

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Kamala Harris levanda mão, agradecendo apoiadores
"O caminho que me trouxe até aqui foi certamente inesperado", disse Kamala HarrisFoto: Kevin Lamarque/REUTERS

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, aceitou formalmente nesta quinta-feira (22/08) a indicação do Partido Democrata para concorrer à Casa Branca com uma mensagem de união, durante aconvenção de seu partido em Chicago.

"Em nome do povo, de cada americano, independentemente de partido, raça, gênero ou do idioma que sua avó fala, aceito a indicação", disse a advogada de 59 anos, prometendo liderar o país em "um novo caminho". Ela afirmou que será uma "presidente para todos os americanos".

"Sei que há pessoas com várias visões políticas a assistirem esta noite", disse. "E quero que saibam isto: prometo ser uma presidente para todos os americanos", afirmou. 

"Vou ser uma presidente que nos une em torno das nossas mais elevadas aspirações", continuou. "Uma presidente que lidera e que ouve. Que é realista, prática e tem senso comum", prometeu. "E que luta sempre pelo povo americano, do tribunal à Casa Branca. Esse tem sido o trabalho da minha vida". 

Vestida com um terno azul-marinho, a cor do partido democrata, Harris agradeceu ao presidente dos EUA, Joe Biden, por apoiar sua candidatura depois de desistir da disputa pela reeleição. "O caminho que me trouxe até aqui foi certamente inesperado", disse ela aos mais de 5 mil delegados do Partido Democrata que a indicaram. "Mas reviravoltas improváveis não são desconhecidas para mim", ressaltou.

Harris homenageou seus pais como forças inspiradoras por trás de sua carreira e falou de suas origens em sua terra natal, a Califórnia, como filha de imigrantes (seu pai é jamaicano e sua mãe, indiana).

A vice-presidente viveu uma noite de glória no United Center, sede do Chicago Bulls e do Chicago Blackahawks, aplaudida por dezenas de milhares de pessoas.

Migração e política internacional

Em um tom ancorado na união nacional, Harris abordou questões como a migração e a política internacional dos EUA. Ela se comprometeu a reformar o "sistema de imigração fraturado" do país e a evitar a escolha entre uma fronteira segura ou uma abordagem mais humana à migração.

"Sei que podemos carregar com orgulho nossa herança como uma nação de imigrantes", afirmou. "Podemos criar um caminho para a cidadania e proteger nossa fronteira", disse, referindo-se a uma questão espinhosa para o governo Biden.

Ela também disse que está trabalhando contra o relógio com o presidente dos EUA para conseguir um acordo de trégua em Gaza entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, e tomou uma posição sobre o número de mortos do conflito, que já matou mais de 40 mil pessoas.

"Sempre apoiarei o direito de Israel de se defender", disse Harris na convenção. "Ao mesmo tempo, o que aconteceu em Gaza nos últimos dez meses é devastador. Tantas vidas perdidas", sublinhou. "A escala do sofrimento é de partir o coração", acrescentou.

"O presidente Biden e eu estamos trabalhando para acabar com esta guerra para que Israel esteja seguro, os reféns sejam libertados, o sofrimento em Gaza termine e o povo palestino possa tornar realidade seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação", disse.

Ataques a Trump

A vice-presidente americana também se comprometeu a permanecer "firme junto à Ucrânia" e com os países membros aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Em seu discurso, ela dedicou ainda algum espaço para atacar seu rival, o magnata republicano Donald Trump, a quem acusou de querer "fazer retroceder o país". O ex-presidente, "em muitos aspectos, não é um homem sério", disse ela, acrescentando que as consequências de colocar Trump de volta na Casa Branca seriam " extremamente sérias".

Além disso, em uma alusão à sua eventual agenda de política externa, Harris disse que, se ela se tornar presidente, não será "amistosa com tiranos e ditadores como Kim Jong-un, que mal podem esperar pela vitória de Trump".

Mais cedo, Biden, que abriu a convenção democrata na segunda-feira com um discurso de despedida após meio século no cenário político, deu a Harris outro endosso nas redes sociais. "Tenho orgulho de ver minha colega Kamala Harris aceitar nossa indicação para presidente. Ela será uma excelente presidente porque está lutando pelo nosso futuro", disse ele.

A noite de comemoração foi marcada por comentários de líderes políticos, celebridades e da própria irmã da vice-presidente, Maya Harris, que também prestou homenagem à sua mãe.

md/cn (EFE, AFP, Lusa)