Júlio César e trave salvam o Brasil e mantêm vivo o sonho do Hexa
28 de junho de 2014Foi dramático, tenso e extenuante. Mas a Seleção conseguiu manter vivo neste sábado (28/06), no Mineirão, o sonho do hexacampeonato. E muito pelo que fez o goleiro Júlio César, que pegou duas cobranças e garantiu o 3 a 2 para o Brasil na disputa por pênaltis, após o empate em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação.
Contestado antes da Copa, mas sempre bancado por Felipão como titular, o goleiro chegou a ir às lágrimas antes da disputa por pênaltis. Ele repetia a todos os companheiros que se aproximavam que iria defender. E o fez: em suas mãos pararam as cobranças de Maurício Pinilla e Alexis Sánchez. Gonzálo Jara chutou a derradeira na trave, após Neymar, David Luiz e Marcelo converterem.
"Esperávamos esse jogo difícil sim. Mas só tenho que agradecer ao público, aos companheiros. É complicado, emocionalmente para nós, representar o nosso país. É uma pressão muito forte”, disse Júlio César, ainda no campo e em lágrimas.
A partida foi dramática do primeiro ao último minuto. Aos 17, David Luiz abriu o placar em cobrança de escanteio. Aos 31, Sánchez empatou, aproveitando uma falha de Hulk e Marcelo. E o que se seguiu foi uma série de chances desperdiçadas para ambos os lados. A mais clara delas, já nos acréscimos da prorrogação, parou no travessão de Júlio César, num chute forte de Pinilla.
A saga do hexa continua para o Brasil na próxima sexta-feira – e sem Luiz Gustavo, um dos melhores em campo neste sábado e que levou o segundo cartão amarelo. O adversário da partida em Fortaleza sai do confronto entre Uruguai e Colômbia.
O jogo
O duelo começou parelho ainda antes de a bola rolar. A torcida chilena tem, como a brasileira, o hábito de cantar o hino após sua execução ser interrompida. Mas no Mineirão seu canto foi abafado por uma sonora – e descortês – vaia dos brasileiros. Os chilenos tentaram fazer o mesmo, mas, em menor número, não tiveram sucesso.
E nesse mesmo tom começou o primeiro tempo: um jogo tenso, com muitas faltas, chances claras de gol e reclamações de pênalti – para ambos os lados. Nos 45 minutos iniciais, foi do Chile a maior passe de bola (57%), mas foram do Brasil, com dez finalizações a gol, as melhores chances.
O primeiro lance de perigo foi do Chile. Aos 11 minutos, Alexis Sánchez caiu na área e reclamou de empurrão de David Luiz. O mesmo fez Hulk, aos 13, após tabelar com Neymar e sair na cara do gol chileno. Em ambas, o árbitro inglês Howard Webb mandou seguir.
O gol brasileiro saiu aos 17. Neymar cobrou escanteio da esquerda, Thiago Silva desviou de cabeça e, na segunda trave, David Luiz completou para o gol em dividida com um zagueiro chileno. O Brasil passou então a pressionar o Chile, sobretudo em arrancadas de Neymar. O camisa 10, porém, teve problemas para finalizar.
E quando parecia que o Brasil assumiria o controle da partida, os chilenos empataram. Aos 31 minutos, Marcelo cobrou lateral próximo à linha de fundo e Hulk devolveu mal. Vargas roubo a bola e rolou para Sánchez, que tocou no canto direito de Júlio César para fazer 1 a 1.
O gol de empate deixou ainda mais aberta a partida. Aos 35, Neymar, após cruzamento de Oscar, quase marcou de cabeça. Aos 41, foi a vez de Vidal, que recebeu lançamento e se esticou na pequena área, quase virando o jogo. E, nos acréscimos, Vargas aproveitou confusão na zaga brasileira e ficou perto de marcar, mas foi travado em cima da hora, já dentro da pequena área.
O segundo tempo começou como terminou o primeiro. Logo aos oito minutos, Hulk recebeu lançamento, dominou e tocou na saída do goleiro. O atacante já comemorava quando o árbitro anulou o gol, alegando que o domínio foi feito com o braço.
As dificuldades de criar mais oportunidades, porém, levaram Felipão a trocar Fred, pouco participativo, por Jô. O Chile, então, controlava a partida. E fez com que, aos 18, Júlio César fosse obrigado a fazer grande defesa, num chute à queima-roupa de Aránguiz.
A resposta brasileira foi com Jô, aos 28. Hulk cruzou com precisão da esquerda, mas o atacante do Atlético Mineiro, dentro da pequena área, não conseguiu concluir. E com Neymar, aos 35, cabeceando com perigo após cruzamento da intermediária de Daniel Alves. Em jogada individual, Hulk ainda forçou Bravo a fazer grande defesa pouco antes do apito final, mas a partida foi para a prorrogação.
Na prorrogação, a movimentada partida do tempo normal deu lugar a um jogo tenso, em que nenhuma das duas equipes se arriscava. Foi de Hulk a melhor – e única – chance do Basil durante toda a prorrogação, num chute forte da entrada da área defendido com segurança por Bravo. E de Pinilla, acertando o travessão de Júlio César, a melhor dos chilenos.
Nos pênaltis, converteram para o Brasil Neymar, David Luiz e Marcelo, e Willian e Hulk desperdiçaram. Júlio César defendeu as cobranças de Maurício Pinilla e Alexis Sánchez, e Gonzálo Jara chutou a última na trave.
Ficha técnica
Brasil 1(3) x 1(2) Chile
Local: Estádio Mineirão, Belo Horizonte
Arbitragem: Howard Webb (Inglaterra) auxiliado por seus compatriotas Michael Mullarkey e Darren Cann.
Gols: David Luiz (18'/1T), Alexis Sánchez (32'/1T)
Pênaltis:
Brasil: David Luiz (√), Willian (x), Marcelo (√), Hulk (x), Neymar (√)
Chile: Mauricio Pinilla (x), Alexis Sánchez (x), Charles Aránguiz (√), Marcelo Díaz (√), Gonzalo Jara (x)
Cartões amarelos: Eugenio Mena (17'/1T), Francisco Silva (40'/1T), Hulk (10'/2T), Luiz Gustavo (15'/2T), Jô (3'/1P), Mauricio Pinilla (12'/1P), Daniel Alves (15'/1P)
Brasil: Julio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Ramires 27'/2T), Oscar (Willian 1'/2P); Hulk, Neymar e Fred (Jô 18'/2T). Técnico: Luiz Felipe Scolari.
Chile: Claudio Bravo; Francisco Silva, Gary Medel (José Rojas 3'/2P), Gonzálo Jara; Mauricio Isla, Charles Aránguiz, Marcelo Díaz, Eugenio Mena, Arturo Vidal (Mauricio Pinilla 42'/2T); Eduardo Vargas (Felipe Gutiérrez 12'/2T) e Alexis Sánchez. Técnico: Jorge Sampaoli.