Justiça russa liberta uma das integrantes da banda Pussy Riot
10 de outubro de 2012O tribunal de apelação de Moscou libertou nesta quarta-feira (10/10) Yekaterina Samutsevich [centro, foto principal], integrante da banda punk Pussy Riot, mas manteve a pena de prisão de dois anos para as outras duas jovens do grupo condenadas dois meses atrás, Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova.
A sentença de Samutsevich foi suspensa porque a jovem havia sido impedida por guardas da Catedral de Cristo Salvador de participar do ato de protesto contra o presidente Vladimir Putin, anunciou o tribunal. A ação foi realizada em fevereiro por cinco membros do grupo, sendo que três delas foram detidas.
A decisão de libertar Samutsevich, de 30 anos, foi recebida com aplausos na capital russa. O pai da jovem manifestou satisfação, mas frisou que continuará a lutar para provar a "total inocência" da filha.
Os advogados de Alyokhina e Tolokonnikova já anunciaram que vão recorrer da sentença até chegar ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. "Não entendemos por que o tribunal diferenciou as réus", disse o advogado Mark Feygin.
Motivação política
Samutsevich, Alyokhina e Tolokonnikova estavam em prisão preventiva desde março e foram declaradas culpadas em agosto por vandalismo motivado por ódio religioso e por ferir os sentimentos de fiéis.
"Nós não queríamos ofender ninguém. Fomos à catedral para protestar contra a união das elites política e espiritual, declarou Alyokhina no tribunal.
A própria Igreja Ortodoxa russa manifestou-se a favor do perdão das artistas, contanto que se mostrassem arrependidas pela "oração punk". Nesta quarta-feira, as acusadas declararam, porém, que não se arrependiam de nada por não sentirem nenhum tipo de ódio religioso.
O presidente Putin elogiara a prisão das jovens e a atuação do tribunal. Já o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, havia pedido clemência em setembro, na esperança de que as três jovens fossem libertadas. Mantê-las na prisão seria contraproducente, disse.
A controversa sentença foi condenada em nível internacional e considerada de motivação política. A Anistia Internacional reconhece as integrantes da banda punk como presas políticas.
Para o advogado de defesa, o julgamento foi injustamente influenciado por Putin, que declarou antes mesmo da condenação das integrantes da banda que a performance das jovens fora provavelmente um ato criminoso. "Eu não tive nada a ver com isso (a sentença)", contestou o presidente numa emissora estatal.
LPF/dapd/dpa/lusa
Revisão: Alexandre Schossler