Terror na Alemanha
3 de janeiro de 2008A Corte Federal de Justiça aprovou nesta quinta-feira (3/01) a ameaça de multa e até seis meses de prisão para obrigar três ex-membros da Fração do Exército Vermelho (RAF) a colaborarem para a elucidação de um crime cometido há mais de 30 anos.
Os pedidos haviam sido apresentados pela Procuradoria Geral da República e atingem Brigitte Mohnhaupt e Knut Folkerts, que estão em liberdade condicional, além de Christian Klar, que cumpre prisão perpétua. Os três vinham se negando a prestar esclarecimentos.
Com o instrumento de pressão, a Procuradoria pretende esclarecer se foi Stefan Wisniewski quem disparou os tiros mortais contra Siegfried Buback, então procurador-geral da República. O atentado em 7 de abril de 1977 matou ainda os dois acompanhantes de Buback.
Inquérito reaberto no ano passado
Segundo informações apuradas pelo Departamento Federal de Proteção da Constituição (BfV), Wisniewski poderia ter sido o autor dos disparos. O inquérito havia sido reaberto em abril do ano passado, depois que o ex-terrorista da RAF Peter-Jürgen Boock manifestou a Michael Buback as suspeitas contra Wisniewski. Depoimentos da ex-terrorista Verena Becker prestados ao BfV em 1980 confirmariam esta suspeita.
Michael Buback, filho do procurador-geral assassinado, está satisfeito porque "a Procuradoria se ocupa seriamente com o caso". Por outro lado, ele está cético quanto à forma de pressão.
Em entrevista à emissora de rádio SWR, ele disse acreditar que mesmo a Procuradoria Geral da República deve estar descrente quanto aos resultados da prisão coercitiva. "É que sempre houve ceticismo quanto a depoimentos de ex-terroristas. E se estes depoimentos são pressionados com ameaças, fica-se ainda mais cético", acrescentou.
Três condenações nos anos 1980
O assassino de Siegfried Buback atirou a partir de uma motocicleta contra o carro oficial em que Buback viajava. O procurador-geral e seu motorista, Wolfgang Göbel, morreram no local. Georg Wurster, responsável pela frota de veículos da Procuradoria Geral e que estava sentado no banco de trás, faleceria no dia 13 de abril.
Em nota enviada a agências de notícias e revistas, o Comando Ulrike Meinhof da RAF reconheceu a autoria do atentado. Por causa das mortes, Knut Folkerts, em 1980, e Brigitte Mohnhaupt e Christian Klar, ambos em 1985, foram condenados à prisão perpétua. Nunca, no entanto, ficou claro que papel cada um desempenhou no atentado.
Folkerts deixou a prisão em outubro de 1995, Mohnhaupt está em liberdade condicional desde março de 2007 e Klar continua preso, depois que o presidente da Alemanha negou-lhe o pedido de indulto.(rw)