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Juiz de Berlim derruba veto à exibição de bandeira ucraniana

6 de maio de 2023

Autoridades de Berlim haviam anunciado proibição da exibição de símbolos russos e ucranianos em monumentos soviéticos durante celebrações do fim da 2º Guerra. Veto gerou críticas de ucranianos, que recorreram à Justiça

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Policiais de Berlim apreendem bandeira da Ucrânia no memorial soviético do Tiergarten durante celebração do fim da Segunda Guerra em 2022
Policiais de Berlim apreenderam bandeira da Ucrânia no memorial soviético do Tiergarten durante celebração de 2022Foto: DW

Autoridades da capital alemã haviam anunciado proibição de símbolos russos e ucranianos em monumentos soviéticos durante celebrações do fim da Segunda Guerra para evitar distúrbios. Veto provocou críticas de ucranianos, que recorreram à Justiça.

Um tribunal de Berlim anulou parcialmente na noite de sexta-feira (05/05) uma decisão das autoridades municipais que pretendia banir temporariamente a exibição de bandeiras russas e ucranianas nos antigos monumentos soviéticos da capital alemã nos dias 8 e 9 de maio, quando se comemora o 78.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

A decisão havia provocado críticas da diplomacia ucraniana e uma associação de ucranianos residentes em Berlim chamada Vitsche entrou com um pedido de liminar para derrubar a decisão em relação à bandeira do seu país. Em 2022, uma proibição similar já havia sido colocada em prática, provocando a apreensão de bandeiras.

"O tribunal confirmou nossa opinião legal: a proibição das bandeiras ucranianas é - nas palavras do tribunal - obviamente ilegal. Qualquer um que faça uso de seu direito constitucional de se identificar publicamente como nação ucraniana e reconhecer suas vítimas históricas na derrota do nazismo não é uma ameaça à segurança pública", disse o advogado Patrick Heinemann, que representa a associação Vitsche.

Questionada pela emissora RBB, a associação também disse estar satisfeita com o fato de o tribunal compartilhar a visão da organização ucraniana. "Significa muito para nós homenagear as vítimas da Segunda Guerra Mundial em dias tão importantes com a bandeira ucraniana."

As autoridades municipais de Berlim ainda podem recorrer da decisão. Com a decisão desta noite, os símbolos ucranianos foram liberados, mas os russos continuam banidos, já que o pedido de liminar não abordava esses últimos.

Proibição

Mais cedo, a polícia de Berlim havia declarado uma proibição da "exibição de símbolos" russos e ucranianos em torno dos monumentos soviéticos localizados em Treptow, Tiergarten e Schönholzer Heide, que todos os anos atraem um grande número de pessoas nestas datas.

A decisão havia sido encarada como uma tentativa das autoridades municipais para evitar que as celebrações acabassem sendo palco de conflitos entre ucranianos e russos que residem ou estão visitando a capital alemã. Oficialmente, as autoridades afirmaram que não desejavam que os eventos em memória aos mortos na Segunda Guerra fossem ofuscados por manifestações sobre a atual guerra na Ucrânia.

Inicialmente, a proibição incluía tanto bandeiras russas e ucranianas, cintos de São Jorge - com listas pretas e laranja, com as quais a Rússia comemora a vitória sobre a Alemanha nazi e reconhece os veteranos da guerra mundial - e uniformes ou partes de uniformes [incluindo os modificados]. Também foram banidos a exibição da letra Z, usada para marcar os tanques russos na guerra de agressão que o país conduz contra a Ucrânia.

Veteranos da Segunda Guerra Mundial, diplomatas, bem como os representantes e as delegações de Estados que irão participar dos eventos comemorativos não precisavam seguir o regulamento.

Críticas

Antes da decisão do tribunal, a embaixada da Ucrânia na Alemanha havia criticado a proibição da exibição de bandeiras ucranianas nos monumentos soviéticos de Berlim nos dias 8 e 9 de maio.

"A polícia de Berlim faz pela segunda vez em dois dias algo que os diplomatas chamam de 'pouco conveniente' em linguagem diplomática. Como traduziriam a palavra 'inconveniente' de diplomata para alemão?", escreveu o embaixador da Ucrânia em Berlim, Oleksii Makeev, no Twitter.

Já a Aliança de Organizações Ucranianas em Berlim lamentou que a polícia de Berlim tenha decidido "enviar sinais políticos errados com esta decisão, equiparando os símbolos nacionais da Ucrânia ao simbolismo da guerra de aniquilação russa".

A polícia berlinense havia justificado a decisão inicial apontando que "o ato de lembrar, bem como o respeito por estes monumentos e memoriais, também deve ser preservado" no contexto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

"A digna comemoração dos soldados caídos do então exército soviético, que junto com outras forças armadas contribuíram para a libertação da Alemanha e do mundo da ditadura nazista, está em primeiro plano nestes dias", acrescentaram as autoridades. Nesse sentido, a polícia havia apontado que a guerra atual, principalmente diante dessa data tão simbólica, não deve envolver Berlim em conflitos ou disputas.

jps (dpa, rbb, Lusa, ots)