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Jovens são mais que marcas e MTV

Oliver Seppelfricke/(rr)28 de abril de 2005

Exposição em Karlsruhe aborda influência da mídia na cultura e formação da identidade da juventude alemã. Conclusão: jovens são mais que simples vítimas do consumo.

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'References' (2003), de Anny e Sibel ÖztürkFoto: Anny und Sibel Öztürk und Galerie Vera Gliem

Os jovens alemães vivem hoje em um mundo comercializado e dominado pela mídia. Essa é a conclusão a que chega a exposição Coolhunters, que fica até 3 de julho na Galeria Municipal de Karlsruhe. Mas eles mesmos são mais do que isso.

Na televisão e na internet, vê-se de tudo. Slogans estão em toda parte. "Rico e famoso" – essa é a resposta da geração de hoje para a clássica pergunta: o que você quer ser quando crescer? Claro, se canais de música como MTV e Viva dão a entender que é fácil tornar-se uma Britney Spears ou um Justin Timberlake...

Heart Explosion, Alex McQuilkin
'Aye, Me (Heart Explosion) 1' (2004), de Alex McQuilkinFoto: Alex McQuilkin

Estrelas pop são o ideal de hoje. Ideais pobres? Claro, se a indústria de bens de consumo e a propaganda promovem apenas o consumo ilimitado.

Além do mais, institutos de crédito, ávidos por novos clientes, oferecem empréstimos a Deus e o mundo. O que resulta em uma juventude endividada como nenhuma outra jamais foi. Dívidas para pagar a conta do celular e comprar roupas e demais produtos que lhe conferem um estilo de vida. Construir uma identidade jovem custa muito dinheiro.

Mas: "A situação dos jovens continuou a mesma através das gerações", argumenta Sabine Himmelsbach, curadora da mostra. "Eles se fazem as mesmas perguntas, do tipo: como eu defino a mim mesmo, qual é a minha individualidade na sociedade?"

Acontece que o mercado se tornou mais dominante. "Mostramos propositadamente todo esse espectro: de um lado, jovens como consumidores, de outro, como produtores, que lidam com as coisas de maneira crítica."

Antropofagia corporativa

A exposição tenta mostrar que a juventude de hoje não é uma simples vítima do mundo do consumo, mas também ajuda a lhe dar uma forma. Exemplo disso é o chamado "ad-busting", através do qual eles alteram logotipos e slogans de marcas conhecidas e os estampam em camisetas. Assim, Snickers vira Suckers e T-Mobile vira T-Error, uma piada que acabou indo parar no tribunal.

PIPS:lab
'Luma2solator' (2004), do PIPS:labFoto: PIPS:lab, 2004

A mostra de Karlsruhe analisa a cultura jovem através de diversos pontos de vista. A arquitetura lembra a de uma pista gigante de skate. O conteúdo foi dividido em seis partes: corpo, língua, espaço, tempo, sexo e violência, abordados através de vídeos, objetos, pinturas, instalações, jogos e fotografias. Há também contribuições de eternos jovens, como o fotógrafo alemão radicado em Londres Wolfgang Tillmans.

Jeans e skateboards

Que língua falam os jovens de hoje? Como eles constróem sua identidade? Que significado têm suas roupas? Qual o papel de jogos para computador e salas de chat? Que influência tem a violência na TV sobre os jovens? São perguntas que não acabam mais. E as respostas, tampouco.

Andreas Gursky
'Union Rave' (1995), de Andreas GurskyFoto: Andreas Gursky

A mostra de Karlsruhe tenta fazer com que os próprios jovens tomem a palavra, ao invés de mencionar estatísticas e estudos. São pilhas de jeans, camisetas, roupas íntimas, bonés, tênis e pranchas de skates. Nem acessórios da moda gótica faltam.

São os jovens que ditam a moda na sociedade. Eles são a avantgarde da mídia, ninguém sabe lidar com novas tecnologias como eles, inclusive para subvertê-las. Para muitos jovens, violar firewalls e senhas de computador não é apenas uma diversão, mas uma maneira de construir uma identidade própria. Os jogos ensinam, já diziam os antigos…

Coolhunters. Galeria Municipal de Karlsruhe. Até 3 de julho. De 4ª a 6ª, das 10 às 18hs, sábados e domingos, das 11 às 18hs.