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Jornalista compara ascensão de Bolsonaro à de Hitler

13 de janeiro de 2018

Em Portugal para lançamento de "Sonata em Auschwitz", Luize Valente aponta os perigos da incitação à violência e do discurso politicamente retrógrado. Comparação com Hitler fora feita antes por concorrente de Bolsonaro.

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Jair Bolsonaro é pré-candidato à presidência do Brasil
Jair Bolsonaro é pré-candidato à presidência do BrasilFoto: Reuters/L. Benassatto

Jair Bolsonaro, pré-candidato às eleições presidenciais de 2018, é uma ameaça real e segue um caminho semelhante ao de Adolf Hitler na década de 1930, na Alemanha, afirmou a jornalista brasileira Luize Valente, em entrevista à agência de notícias Lusa, neste sábado (13/01). "O que está a acontecer hoje com Jair Bolsonaro é como a ascensão de Hitler na Alemanha. Para mim, é um candidato que segue o mesmo caminho."

A também escritora de origem portuguesa e alemã está em Portugal para o lançamento de seu romance histórico Sonata em Auschwitz, publicado pela editora Saída de Emergência. Ela lembra que Bolsonaro "é um candidato que entrou na disputa presidencial, e as pessoas riam dele, como uma figura caricata. No entanto tem uma série de seguidores, cada vez maior, e tornou-se forte porque não há outro candidato, outra opção viável."

"O Lula, por exemplo, mesmo que seja inocentado, já tem uma mancha tão grande que acho difícil ter grande peso" nas eleições, analisa Luize Valente. "Eu não sei o que vai acontecer. Entre Lula e Bolsonaro, votaria no Lula, mas estou a espera que surja outro candidato."

Pré-candidata também faz comparação

Três dias antes, a jornalista Valéria Monteiro, ex-apresentadora do Jornal Nacional e do Fantástico, do Partido da Mobilização Nacional (PMN) e também pré-candidata à presidência da República, fizera uma analogia semelhante, em vídeo divulgado na plataforma Youtube.

"Hoje vim aqui falar com você, Bolsonaro. Você é um mentiroso. O seu discurso de ódio faz as pessoas brigarem. Você não respeita as diferenças e vou lutar até o fim contra isso, que é o pior do ser humano”, critica na abertura da gravação.

"Hitler começou assim. Pegou uma Alemanha pobre, descrente, que precisava de autoestima. Convenceu as pessoas através do medo a acreditar em suas mentiras, assim como você faz. Levou o mundo à maior guerra de sua história”, afirma. Ao fim, Monteiro desafia seu eventual concorrente a um debate, advertindo: "Seus 15 minutos de fama acabaram".

Período mais terrível para o Brasil

A autora Luize Valente acredita que não houve um período tão terrível como este que o Brasil atravessa, com uma grave crise económica, política e social. "No Brasil, estamos num momento de muito medo e de estagnação. Eu percebo todo o mundo assim", acrescentou.

"Assusta-me muito. Bolsonaro é uma ameaça muito real para nós. Ele teve um grande crescimento individual, tem um público eleitor jovem. São homens de classe média, que têm acesso à informação, mas que optaram por aceitar o discurso retrógrado de Jair Bolsonaro". Assim como Donald Trump, nos Estados Unidos, ele "não tem estofo para dirigir um país".

Valente enfatiza que o pré-candidato do Partido Social Cristão (PSC) "defende o regime militar e defende torturadores". "A nossa ditadura militar foi muito corrupta. É daí que vem a nossa corrupção. Bolsonaro, no seu discurso, diz que vai acabar com a violência, é a favor de as pessoas andarem armadas, tem até o apoio do Trump, é homofóbico e muito preconceituoso". Além disso, "é contra o Estado laico" e "a favor de um Estado mais religioso".

AV/lusa,ots