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Jornalista alemão diz ter sido refém da Turquia

17 de fevereiro de 2018

Libertado após um ano preso em Istambul, Deniz Yücel retorna à Alemanha e afirma que motivos de sua detenção e libertação ainda não estão claros. Para premiê turco, tensões entre Berlim e Ancara pertencem ao passado.

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Yücel encontrou sua mulher, Dilek Mayatürk, ao deixar a prisão
Yücel encontrou sua mulher, Dilek Mayatürk, ao deixar a prisão Foto: Twitter/Veysel Ok

O jornalista alemão de origem turca Deniz Yücel, libertado nesta sexta-feira (16/02) após um ano preso na Turquia, afirmou que o governo turco o mantinha "refém" no país e que as razões para sua detenção – que elevou as tensões entre Berlim e Ancara – ainda não estão claras.

"O engraçado é que eu continuo sem saber por que fui preso um ano atrás ou, para ser mais preciso, por que fui mantido refém durante um ano", declarou Yücel em vídeo publicado no Twitter. "E também não sei por que fui libertado."

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"Minha prisão não teve nada a ver com justiça ou Estado de direito, assim como minha libertação também não teve", completou o jornalista, que trabalha como correspondente para o diário alemão Die Welt. "Claro que estou contente, mas um gosto amargo permanece na boca."

Yücel, de 44 anos, desembarcou em Berlim na noite desta sexta-feira, horas após ser libertado da prisão de segurança máxima nos arredores de Istambul, onde era mantido preso.

A prisão do jornalista, em fevereiro do ano passado, ajudou a agravar a já deteriorada relação entre Berlim e Ancara, cuja tensão vem se mantendo elevada desde a tentativa fracassada de golpe de Estado na Turquia, em julho de 2016.

O ministro do Exterior alemão, Sigmar Gabriel, que comemorou a libertação de Yücel nesta sexta-feira, insistiu que nenhum acordo foi feito com o governo turco em troca da soltura. Questionado se as relações entre Alemanha e Turquia estariam voltando à normalidade, ele afirmou: "Este é o começo dos trabalhos, e não o fim".

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, por sua vez, disse estar "feliz por ele [Yücel], por sua esposa e por sua família", além de agradecer a todos aqueles que contribuíram para a libertação do jornalista. "Isso mostra, talvez, que o diálogo nem sempre é inútil. Você nunca sabe exatamente como as coisas vão terminar", completou.

O primeiro-ministro da Turquia, Binali Yildirim, que se reuniu com Merkel nesta semana em Berlim, declarou neste sábado que, com a libertação de Yücel, os laços entre os governos alemão e turco estão no caminho da normalização, e as dificuldades enfrentadas pelos dois países "ficaram no passado".

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"Casos individuais" como o do jornalista turco-alemão não representam um grande risco para as relações bilaterais e certamente não arriscam "destruir" esses laços, afirmou o premiê em entrevista à agência de notícias dpa, no âmbito da Conferência de Segurança de Munique.

No mesmo dia em que Yücel foi solto, a Justiça turca condenou seis jornalistas locais à prisão perpétua, sob acusação de ligação com o clérigo muçulmano Fethullah Gülen, líder do movimento islâmico que Ancara alega ter orquestrado a tentativa de golpe em 2016. O religioso nega as acusações.

Em sua mensagem de vídeo após a libertação, Yücel enfatizou que ainda há, na Turquia, "muitos outros jornalistas presos que não fizeram nada além de exercer sua profissão". Cinco alemães, que Berlim descreve como presos políticos, ainda seguem encarcerados na Turquia.

Yücel foi detido pela polícia em Istambul em 14 de fevereiro de 2017. Um mandado de prisão foi emitido pouco tempo depois e, no mês seguinte, ele foi transferido para a prisão de segurança máxima de Silivri. O jornalista foi acusado de promover, por meio de seus textos, "incitação ao ódio" e "propaganda terrorista".

Por ele ter permanecido sob custódia das autoridades turcas sem uma acusação formal, vários representantes da imprensa e defensores de direitos humanos consideravam o correspondente um refém do governo presidido por Recep Tayyip Erdogan.

O próprio líder turco se envolveu pessoalmente no caso de Yücel: "Ele é, realmente, um agente e um terrorista. Não é jornalista de jeito nenhum. E a embaixada alemã o escondeu durante um mês inteiro em sua residência de verão", acusou o presidente.

EK/afp/dpa/dw

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