Imprensa europeia
14 de janeiro de 2011As imagens da catástrofe no Rio de Janeiro foram o destaque das edições da noite de quinta-feira (13/01) dos dois principais telejornais nacionais na Alemanha. Os telespectadores do Tagesschau, exibido pela emissora pública ARD no horário nobre, também acompanharam o resgate dramático de Ilair Pereira de Souza, moradora salva por uma corda jogada pelos vizinhos enquanto sua casa era levada pela enxurrada.
O telejornal Heute, do também canal público ZDF, mostrou a agonia de parentes das vítimas da tragédia, relatos de sobreviventes, o trabalho de voluntários na retirada dos corpos e os abrigos improvisados. Ambos os programas citaram a cifra de 356 milhões de euros que o governo federal prometeu para ajudar as vítimas no Rio de Janeiro.
A edição online do jornal Frankfurter Algemeine Zeitung (FAZ) narrou os acontecimentos na região serrana do estado como "a pior catástrofe natural da história" do Brasil. A publicação se ateve aos fatos, sem traçar um perfil social das localidades mais atingidas. O FAZ citou a visita de Dilma Rousseff, "que caminhou a pé pela região" e "mostrou-se muito chocada" com a situação, descreveu o jornal.
No seu site, o Der Spiegel contou que "as ambulâncias e igrejas se transformaram em necrotério, e o odor dos cadáveres era intensificado pelo ar quente". O veículo de imprensa também ressaltou o número de mortos, que ultrapassava os 500, e se sobrepunha à catástrofe de 1967 em Caraguatatuba, litoral de São Paulo, quando 436 pessoas morreram vítimas de um deslizamento.
Quem não pode mostrar a imagem do resgate de Ilair Pereira de Souza, descreveu com riqueza de detalhes a cena que rodou o mundo. Foi também o caso do jornal Süddeutsche Zeitung, que trouxe ainda uma galeria de fotos ilustrando a catástrofe.
Pela Europa
"O Brasil está de luto", diz o início do texto escrito pelo correspondente do jornal espanhol El País. Para a publicação, Dilma Rousseff está diante de sua "primeira prova desde que assumiu o cargo, em 1º de janeiro."
A reportagem do El País contou que "apesar dos apelos das autoridades às mais de 5 mil famílias para que deixassem suas casas, poucas atenderam o chamado, temendo que fosse roubado o pouco de ainda possuem". O jornal escreve que, devido às previsões de mais chuva, a situação está longe de estar sob controle, e que a tragédia – "que pode ser qualificada de morte anunciada" – não pode ser atribuída somente ao mau tempo, "mas sim a uma falta de prevenção e ao descuido de políticos locais, que permitem construir em zonas de risco."
O inglês The Guardian concorda que "essa á uma crise imediata para a presidente do Brasil". O jornal cita a fala de Rousseff, que teria classificado o desastre não como um ato divino, mas uma tragédia em que a natureza não pode ser a única culpada.
"Nós vimos áreas onde montanhas intocadas pelo homem se dissolveram. Mas também vimos lugares onde a ocupação ilegal causou danos à saúde e à vida das pessoas", reproduziu o jornal a declaração da presidente.
A publicação se ocupou em detalhar as condições em que viviam as populações mais afetadas, os bairros que desapareceram sob a lama, como a favela Campo Grande, em Teresópolis, e o depoimento de sobreviventes.
Na França, os principais jornais também destacaram a tragédia fluminense. O Le Figaro estampava em sua página online uma galeria de fotos com os estragos causados pelas chuvas, a remoção de entulhos, a busca por sobreviventes e o enterro de vítimas.
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer