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Japão se prepara para mandar à forca membros de seita

20 de março de 2018

Mais de 20 anos após ataque com gás sarin no metrô de Tóquio, 13 integrantes de grupo religioso condenados à morte pelo atentado finalmente devem ser executados. Preparativos indicam enforcamento iminente.

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Shoko Asahara, ex-líder da seita Verdade Suprema condenado à morte
Shoko Asahara, ex-líder da seita Verdade Suprema condenado à morteFoto: AP

O Japão lembra nesta terça-feira (20/03) os 23 anos de um ataque com gás sarin no metrô de Tóquio, enquanto o país se prepara para executar membros de uma seita religiosa condenados à morte pelo atentado.

Treze integrantes da seita Verdade Suprema (Aum Shinrikyo, em japonês), entre eles seu carismático guru e "cérebro" do atentado, Shoko Asahara, estão no corredor da morte de diferentes prisões do país, à espera de serem enforcados a qualquer momento, condenados à pena capital pelo ataque ao metrô e outros crimes.

O atentado ao metrô de Tóquio, considerado o pior no país desde o fim da Segunda Guerra, fez 13 mortos e deixou 6.300 pessoas com problemas de saúde devido à intoxicação, muitos deles irreversíveis.

As vítimas foram lembradas nesta terça-feira com flores depositadas em seis estações de metrô atingidas pelo ataque em pleno horário de pico, na manhã de 20 de março de 1995.

Às 8h, hora aproximada do ataque, empregados uniformizados do metrô abaixaram suas cabeças em silêncio na estação Kasumigaseki, um dos principais alvos da seita. Shizue Takahashi, viúva de 71 anos do chefe da estação morto no ataque, e o atual chefe da estação colocaram flores em um altar temporário montado para receber oferendas.

Embora a maioria dos japoneses apoie a pena de morte, a Associação de Prevenção e Reabilitação de Seitas (JSCPR) do Japão pede que 12 dos condenados tenham sua pena capital convertida em prisão perpétua, com exceção do líder e fundador da Verdade Suprema, Asahara (cujo nome real é Chizuo Matsumoto).

"Se eles fossem executados, perderíamos uma grande oportunidade para compreender melhor as seitas e as pessoas que foram manipuladas para cometer os atentados, algo que seria muito útil para evitar o terrorismo", disse o psicólogo forense e membro da JSCPR, Kimiaki Nishida, durante entrevista coletiva.

Outros especialistas alertam que as execuções poderão alimentar o culto a Asahara entre as três seitas derivadas da Verdade Suprema, que atualmente têm cerca de 2 mil seguidores, ou mesmo motivar algum tipo de ataque em retaliação por parte dessas organizações.

A Justiça japonesa indiciou cerca de 190 membros da seita pelos ataques e outros crimes relacionados, emitiu seis sentenças de prisão perpétua e confirmou as 13 sentenças de morte, embora até agora nenhuma das execuções tenha sido realizada.

No Japão, um dos poucos países desenvolvidos que ainda aplica a pena de morte, os condenados não são executados até que todos os processos judiciais relacionados sejam concluídos, algo que, neste caso, ocorreu em janeiro passado.

Sete dos 13 condenados à morte foram transferidos na semana passada de uma prisão em Tóquio onde todos estavam presos para outras prisões japonesas, o que é considerado o último passo antes das execuções.

Como todas as execuções no país, dia e local da morte dos condenados não devem ser divulgados nem sequer para membros das famílias e advogados. As execuções só são anunciadas depois de terem ocorrido.

Os próprios condenados só tomam conhecimento do momento da execução quando os guardas chegam a suas celas pela manhã para levá-los para a forca.

MD/efe/ap

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