Israel reforça tropas na fronteira com Gaza
13 de maio de 2021As hostilidades entre Israel e o Hamas seguem acirradas nesta quinta-feira (13/05). O governo israelense enviou tropas à fronteira de Gaza, enquanto o grupo islâmico manteve os disparos de foguetes em direção a Israel. Além disso, forças de segurança lutam para conter motins mortais entre judeus e árabes em várias cidades do país.
O ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, aprovou a mobilização de mais 9.000 soldados reservistas, e um porta-voz militar disse que tropas israelenses começaram a se concentrar na barreira de segurança que separa Gaza, sinalizando preparações para uma possível invasão por terra.
"Estamos preparados e continuamos a nos preparar para vários cenários", disse o porta-voz Jonathan Conricus à agência de notícias AFP. Segundo ele, a ofensiva terrestre é apenas um dos cenários.
Outro porta-voz das Forças Armadas de Israel, Hidai Zilberman, confirmou que as tropas "estão se preparando para a opção de uma manobra terrestre". À emissora pública de televisão Kan, ele disse que tanques, veículos blindados e artilharia estavam sendo preparados "para esta opção a qualquer momento".
Nesta quinta-feira, o Ministério da Defesa israelense afirmou que a mobilização de 9.000 oficiais foi uma "convocação excepcional". Ela ocorre após dias de fortes combates nos quais o Hamas disparou centenas de foguetes contra o território israelense, enquanto Israel responde com ataques aéreos mortais.
"Estamos em uma situação de emergência devido à violência nacional, e agora é necessário um reforço maciço de forças em terra, e elas devem ser enviadas imediatamente para fazer cumprir a lei e a ordem", declarou o ministro Gantz mais cedo.
Autoridades de saúde em Gaza, território controlado pelo Hamas, afirmam que ao menos 87 palestinos morreram no enclave desde o início do conflito na segunda-feira, entre eles 18 crianças e oito mulheres, e 530 pessoas ficaram feridas. Já em Israel morreram ao menos sete pessoas, incluindo uma criança de 6 anos, depois de um foguete atingir sua casa.
Com o conflito em Gaza sem mostrar sinais de abrandamento, o território israelense foi abalado por uma onda sem precedentes de violência popular, resultando em árabes e judeus violentamente espancados e delegacias atacadas em várias cidades do país.
Apesar do alarme global e dos esforços diplomáticos para diminuir as hostilidades em Gaza – que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse esperar que acabem "mais cedo ou mais tarde" – centenas de foguetes novamente rasgaram os céus durante a noite de quarta e esta quinta-feira.
O quarto dia de pesados bombardeios coincidiu com o início do Eid al-Fitr muçulmano, que marca o fim do mês sagrado de jejum do Ramadã. Fiéis foram vistos orando em mesquitas e em meio aos escombros dos edifícios destruídos de Gaza.
Em Tel Aviv, sinais de alerta soaram novamente nesta quinta-feira, em meio a mais uma rodada de disparos de foguetes a partir da Faixa de Gaza. As explosões puderam ser ouvidas dentro da cidade, menos de um dia depois da pior noite de ataques com foguetes em Tel Aviv.
O Exército israelense afirma que atingiu mais de 1.000 alvos em Gaza com ataques aéreos massivos desde segunda-feira, destruindo três edifícios de vários andares, enquanto o Hamas disparou mais de 1.600 foguetes contra Israel – sendo que cerca de 400 destes não alcançaram o território israelense e acabaram caindo em Gaza.
Mediação da Rússia
O governo russo afirmou nesta quinta-feira que está tentando mediar para acabar com o espiral de violência no Oriente Médio. "Vários países estão se esforçando e usando seus contatos para encorajar as partes a mostrarem moderação – incluindo a Rússia", disse o porta-voz Dmitry Peskov.
Segundo o funcionário do Kremlin, israelenses e palestinos precisam perceber que não há alternativa senão uma solução diplomática para o conflito.
O presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, pediu o fim da violência na região durante uma conversa com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
"À luz da escalada do conflito palestino-israelense, foi declarado que a principal tarefa é interromper as ações violentas de ambos os lados e garantir a segurança da população civil", disse o Kremlin em comunicado após a videochamada.
Ambos os líderes também expressaram apoio a uma solução de dois Estados para garantir a paz, acrescentou o governo russo.
O ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, expressou opinião semelhante. Após conversar com seu homólogo egípcio Sameh Shoukry, Lavrov afirmou que Moscou e Cairo querem coordenar estreitamente os esforços para reiniciar as negociações entre as duas partes.
O ministro russo também convocou uma reunião do chamado Quarteto do Oriente Médio, composto por ONU, União Europeia, Estados Unidos e Rússia com o objetivo de mediar o processo de paz no conflito árabe-israelense.
O que desencadeou os novos confrontos
Os ataques em curso foram precedidos de episódios de violência em Jerusalém Oriental, o setor palestino da cidade ocupado e anexado por Israel, iniciados na última sexta-feira.
Ao menos 208 palestinos e seis policiais israelenses ficaram feridos, a maioria na Esplanada das Mesquitas, onde muçulmanos se reuniam para a última sexta do mês de jejum do Ramadã.
Colaborou para o conflito a ameaça de despejo de quatro famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, em favor de colonos judeus. A ONU urgiu Israel a suspender os despejos e disse que eles poderiam equivaler a "crimes de guerra".
Na segunda-feira, cerca de 520 palestinos e 32 policiais israelenses ficaram feridos em novos confrontos com a polícia na Esplanada das Mesquitas, nos arredores da Mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do islã e o local mais sagrado do judaísmo, além de em outros locais em Jerusalém Oriental.
O Hamas havia ameaçado Israel com uma nova escalada militar se as forças israelenses não se retirassem da Esplanada.
Israel considera Jerusalém sua capital, incluindo a parte leste, cuja anexação não recebeu reconhecimento internacional. Os palestinos reivindicam essa parte da cidade como capital do Estado que buscam criar na Cisjordânia e em Gaza.
O início dos confrontos coincidiu com o Dia de Jerusalém, que marca a conquista, de acordo com o calendário hebraico, da parte palestina da Cidade Santa por Israel, em 1967.
ek (AFP, DPA, AP)