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Crise entre Turquia e Israel

9 de setembro de 2011

Primeiro-ministro turco ameaça enviar forças navais para escoltar frotas humanitárias em direção à Faixa de Gaza. Israel repudiou declaração e alertou para violação do direito internacional.

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Primeiro-ministro turco, Erdogan
Primeiro-ministro turco, ErdoganFoto: AP

Uma semana após a Turquia ter expulsado o embaixador de Israel em Ancara, a crise entre os dois países se agrava ainda mais. Israel repudiou nesta sexta-feira (09/09) os planos turcos de envio de forças navais para escoltar navios de ajuda humanitária com destino a Gaza e alertou para uma violação do direito internacional.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou na noite de quinta-feira que a Ancara enviará navios de guerra para proteger embarcações com ajuda humanitária rumo à Faixa de Gaza, atualmente bloqueada por Israel.

A afirmação foi feita em entrevista à rede de televisão árabe Al-Jazeera. "Não permitiremos que tais navios sejam mais uma vez alvos de ataques de Israel", disse Erdogan. A Turquia se reserva o direito de controlar as águas territoriais no leste do Mediterrâneo. De acordo com Erdogan, Ancara também quer evitar um uso exclusivo dos recursos naturais na região por Israel.

Ativistas celebram, em 2010, retorno do Mavi Marmara a Istambul, após ataque de Israel
Ativistas celebram, em 2010, retorno do Mavi Marmara a Istambul, após ataque de IsraelFoto: AP

O ministro da Inteligência de Israel, Dan Meridor, chamou as declarações de Erdogan de "difíceis" e "graves". "Mas não queremos inflamar ainda mais a disputa", ponderou o político, em entrevista à rádio do Exército israelense. "É melhor ficar calado e esperar. Não temos interesse em agravar a situação com ataques (verbais)." O ministro disse ainda que a Turquia violaria o direito internacional se tentasse quebrar o bloqueio naval israelense.

Um alto funcionário do governo israelense afirmou que tal medida significaria "uma provocação muito grave". Mas observou que é "muito difícil imaginar que um membro da Otan como a Turquia vá tão longe".
 
Retaliação de Israel

De acordo como jornal israelense Yediot Ahronot, o ministro do Exterior de Israel, Avigdor Lieberman, já prepara possíveis retaliações contra Ancara. Israel pensa, por exemplo, numa campanha para levar o Senado dos EUA a classificar de genocídio o assassinato em massa de armênios durante o Império Otomano, realizado entre 1915 e 1917.

Também haveria planos para apoiar os curdos em sua luta contra Ancara e lançar uma ofensiva diplomática contra a Turquia. Um alto funcionário do Ministério do Exterior israelense sublinhou, entretanto, que esses projetos ainda são somente ideias que, em princípio, refletem apenas "a irritação do Ministro do Exterior".

Ataque israelense a frota foi condenado pela ONU
Ataque israelense a frota foi condenado pela ONUFoto: AP

A briga entre os dois Estados do Mediterrâneo recomeçou após um relatório da ONU sobre o ataque de soldados israelenses contra o navio turco Mavi Marmara, que pertencia a uma frota de ajuda humanitária que rumava em direção à Faixa de Gaza.

No assalto ao navio, em 31 de maio de 2010, foram mortos nove ativistas turcos. O ataque foi classificado pelo documento como "excessivo" e "desproporcional". O bloqueio à Faixa de Gaza por Israel, entretanto, foi considerado legal.

Esperanças

Israel rejeita um pedido de desculpas pelo ataque, como foi exigido pela Turquia. Na sexta-feira da semana passada, Ancara expulsou o embaixador israelense e suspendeu a cooperação militar com Israel.

No entanto, os Estados Unidos têm esperança de conseguir aliviar as tensões entre seus dois principais aliados no Oriente Médio. "Estamos incentivando os dois países a encontrarem uma maneira de trabalharem juntos para superar suas diferenças e restaurar pelo menos algo da amizade que tinham anteriormente", afirmou Dan Shapiro, embaixador dos EUA em Israel, em entrevista a uma rádio israelense.

Além de um pedido de desculpas, a Turquia exigiu que Israel também ponha fim ao bloqueio imposto à Faixa de Gaza. Israel diz que a medida é necessária para impedir que armamentos cheguem aos guerrilheiros palestinos por mar.

MD/afp/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque