Israel ataca áreas perto de Rafah, no sul de Gaza
6 de maio de 2024Caças israelenses atacaram nesta segunda-feira (06/05) duas áreas no leste de Rafah, poucas horas depois de pessoas na região desta cidade no sul da Faixa de Gaza terem sido instruídas a deixar a área.
A ONU estima que mais de 1,2 milhão de pessoas, a maior parte delas deslocadas pelos combates, estão na cidade de Rafah, contra a qual Israel insiste há meses que pretende levar adiante uma ofensiva militar de grande envergadura.
Segundo a agência de defesa civil de Gaza, as zonas atingidas estão próximas do aeroporto internacional de Gaza, das áreas de Al-Shuka e Abu Halawa, da rodovia Salah al-DinRafah e também do bairro de Al-Salam.
Os bombardeios aéreos e de artilharia israelenses "estão em curso desde a noite passada e intensificaram-se a partir da manhã", disse um porta-voz da defesa civil palestina à agência de notícias francesa AFP.
Os militares israelenses haviam ordenado anteriormente que as pessoas se retirassem de Al-Shuka e Al-Salam.
No início do dia, a emissora de TV Al-Aqsa TV, afiliada ao grupo terrorista Hamas, noticiou que Israel havia realizado ataques aéreos nas áreas orientais de Rafah.
Cerca de 100 mil moradores de áreas ao leste de Rafah, perto da fronteira com o Egito, receberam mensagens e folhetos na manhã desta segunda-feira pedindo que se dirigissem à "zona humanitária ampliada" de Al-Mawasi, comunicaram as Forças de Defesa de Israel (FDI).
Os folhetos afirmam que os militares israelenses estavam prestes a iniciar uma forte operação contra organizações terroristas na região. "Qualquer pessoa que permanecer nos locais colocará em risco a si mesmo e aos membros de sua família. Para sua segurança, retire-se imediatamente para a zona humanitária expandida em Al-Mawasi", afirma um dos panfletos divulgados.
As FDI comunicaram que a retirada de civis é uma operação temporária e "de escala limitada" para tirar a população civil do perigo, mas não especificaram por quanto tempo os residentes devem obedecer às ordens de retirada forçada.
A declaração também detalhou que a área de Al-Mawasi, perto da cidade de Khan Younis, foi ampliada e está recebendo mais ajuda humanitária, como "hospitais de campanha, tendas, mais alimentos, água, remédios e suprimentos adicionais".
Acordo de cessar-fogo
Após os ataques ao leste de Rafah, o Hamas anunciou no começo da noite desta segunda-feira (horário local) ter aceitado uma proposta de cessar-fogo mediada pelo Egito e o Catar.
A decisão foi comunicada pelo chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, em um telefonema aos governos egípcio e catari.
Em uma reação inicial, Israel classificou a ideia como "inaceitável". Segundo a mídia israelense, o acordo aprovado pelo Hamas não teria sido o mesmo negociado por Israel com o Egito há cerca de dez dias.
A agência de notícias Reuters citou uma fonte israelense que falou de uma "proposta diluída do Egito" à qual o Hamas se referia. A mesma fonte disse à Reuters que parece ser uma manobra do Hamas "para fazer Israel aparecer como quem se opõe ao acordo".
Os detalhes do acordo não foram divulgados.
Biden pressiona Netanyahu
O governo de Israel afirma que Rafah, que fica na fronteira com o Egito, é o último reduto do Hamas na Faixa de Gaza.
Organizações de ajuda humanitária e os aliados de Israel alertaram que uma ofensiva terrestre israelense em Rafah poderia agravar a crise humanitária no enclave palestino.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou no domingo que Israel não encerrará a guerra em Gaza, mesmo que haja um acordo de trégua temporário com o Hamas, e há meses vem se referindo à "necessidade" de destruir os batalhões do grupo terrorista islâmico que ainda operam em Rafah.
A ordem de evacuação foi dada menos de 24 horas depois de ataques com morteiros do Hamas terem matado quatro soldados israelenses e ferido outros dez no sul da Faixa de Gaza, perto da passagem de Kerem Shalom, que permanece fechada desde o incidente.
A Casa Branca declarou que o presidente dos EUA, Joe Biden, falou por telefone nesta segunda-feira com Netanyahu. Biden reiteradamente alertou o primeiro-ministro israelense que invadir Rafah seria um erro.
as/le (Lusa, AFP, Reuters)