Irã lança ataque com mísseis contra Israel
Publicado 1 de outubro de 2024Última atualização 2 de outubro de 2024O que você precisa saber
O regime do Irã lançou no início da noite desta terça-feira (01/10) um ataque com mísseis balísticos contra Israel. Sirenes foram acionadas em todo território de Israel e houve relatos de explosões em Tel Aviv e Jerusalém.
- Pelo menos 180 mísseis foram disparados pelo Irã, afirmaram as forças israelenses
- O Irã justificou o ataque afirmando que se tratou de uma resposta ao que chamou de "atos terroristas" de Israel
- Maioria dos mísseis foi interceptada. EUA participaram da operação de derrubada
- Israel disse que ataque iraniano "terá consequências"
- Não há registro de baixas entre civis israelenses
A ofensiva iraniana ocorre em meio à escalada de ataques de Israel no Líbano, que nas duas últimas semanas já deixaram mais de mil mortos, incluindo membros da cúpula do grupo radical libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã.
Esse é o primeiro ataque direto do Irã contra Israel desde abril, quando Teerã atacou duas bases aéreas israelenses com mísseis e drones e atingiu partes das Colinas de Golã ocupadas.
Naquela ocasião, a maioria das armas lançadas pelo Irã foram interceptadas por Israel, pelos Estados Unidos ou por países árabes da região, como a Jordânia.
Mais cedo, um funcionário de alto escalão do governo dos Estados Unidos advertiu que o Irã estava preparando um "ataque iminente" com mísseis balísticos contra Israel.
Transmissão encerrada
Transmissão encerrada.
Irã usou seus "mísseis mais modernos", diz especialista à DW
A DW conversou com Fabian Hinz, especialista militar do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres, sobre o ataque do Irã na noite de terça e como ele se diferenciou do ataque de abril.
"O que vimos foi um ataque substancial do Irã. Os vídeos mostram que algumas das partes de reentrada dos mísseis balísticos não foram abatidas. O tempo dirá a dimensão completa dos danos."
Hinz disse que o escopo do ataque de terça-feira foi maior do que o de abril.
"Muitas das fotos dos restos dos mísseis lançados mostram mísseis Kheybarshekan ou Fattah I - esses são os mísseis mais modernos desse alcance que o Irã possui."
Em vez de mísseis balísticos, o Irã usou principalmente mísseis de cruzeiro e drones de longo alcance com velocidades de voo muito mais lentas em abril.
"Desta vez, eles provavelmente queriam minimizar a quantidade de aviso prévio e, assim, reduzir a capacidade de se preparar para o ataque", disse Hinz à DW.
Netanyahu diz que o Irã cometeu "grave erro" e que 'vai pagar por isso"
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na noite desta terça-feira que o Irã "cometeu um grave erro esta noite e vai pagar por isso".
Falando na abertura de uma reunião do gabinete, o primeiro-ministro israelense disse que o Irã "não entende" a "determinação de retaliar" de seu país contra seus inimigos.
"Eles entenderão”, disse ele. "Manteremos a regra que estabelecemos: quem nos atacar - nós os atacaremos".
UE condena ataque iraniano
A União Europeia (UE) afirmou que os ataques do Irã contra Israel constituem "uma séria ameaça" à segurança regional, alertando ainda que a escalada corre o risco de ficar "fora de controle".
"A UE condena nos termos mais veementes o ataque do Irã contra Israel. O perigoso ciclo de ataques e retaliações corre o risco de ficar fora de controle. É necessário um cessar-fogo imediato em toda a região. A UE continua plenamente empenhada em contribuir para evitar uma guerra regional", destacou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, manifestou-se na mesma linha, condenando "nos termos mais fortes" o ataque do Irã contra Israel.
Irã alega que 90% dos mísseis atingiram alvos
A Guarda Revolucionária do Irã declarou nesta terça-feira que atacou centros estratégicos durante o lançamento de mísseis contra Israel e alegou que 90% dos projéteis atingiram seus alvos, apesar das afirmações dos EUA de que maioria das armas foi interceptada.
"De acordo com as promessas feitas pelos oficiais e comandantes militares da República Islâmica, com a ajuda das Forças Armadas durante a operação 'Promessa Verdadeira 2', centros estratégicos dentro dos territórios ocupados foram atacados com mísseis fabricados pelos filhos do Irã islâmico", comunicou a guarda.
A nota afirma que, entre os alvos atingidos, estavam aqueles onde foram planejados os assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
"Apesar do fato de que essa área estava protegida pelos sistemas de defesa mais avançados, 90% dos disparos atingiram o alvo com sucesso e o regime sionista está apavorado com a inteligência e o domínio operacional da República Islâmica", frisou.
A Guarda Revolucionária enfatizou que, se Israel reagir ao ataque, o Irã responderá com mais força.
General israelense sobre ataque repelido: "provamos nossa capacidade"
O chefe do Estado-Maior do exército israelense, Herzl Halevi, disse na conclusão de uma avaliação da situação nesta terça-feira que "provamos nossa capacidade de impedir que o inimigo obtivesse uma vitória graças a uma combinação de comportamento civil exemplar e um sistema de defesa aérea muito forte”.
Halevi acrescentou que "escolheremos quando [o Irã pagará] o preço e exibiremos nossas capacidades de ataque".
EUA ajudaram a interceptar mísseis iranianos
Duas embarcações militares da Marinha dos EUA dispararam aproximadamente uma dúzia de interceptadores para ajudar a derrubar mísseis iranianos disparados contra Israel, disse um porta-voz do Pentágono na terça-feira, acrescentando que os israelenses foram responsáveis por destruir a maioria dos mísseis.
Os dois destróieres da Marinha dos EUA envolvidos na operação são o USS Bulkely e o USS Cole – ambas embarcações de mísseis guiados da classe Arleigh Burke.
180 mísseis foram lançados contra Israel
Em uma atualização, as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmam que aproximadamente 180 mísseis foram disparados pelo Irã em direção a Israel.
Um oficial de segurança israelense disse que a maioria desses mísseis foi interceptada pela Força Aérea de Israel em cooperação com o Comando Central das Forças Aéreas dos EUA.
Analista avalia que Irã estava sob "tremenda" pressão para fazer algo
A DW conversou com Burcu Ozcelik, especialista em Segurança do Oriente Médio, que avaliou que o Irã estava sob "pressão crescente e tremenda para responder ao assassinato de [Ismail] Haniyeh, líder do Hamas, e, mais recentemente, de [Hassan] Nasrallah, líder do Hezbollah".
"Não fazer nada teria enfraquecido Teerã", disse Ozcelik, "talvez de forma irreparável aos olhos da linha dura do Irã e do Eixo de Resistência na região", fazendo referência à aliança formada pelo Irã, Hezbollah, Hamas e os rebeldes houthis.
Quanto ao ataque desta terça-feira, a pesquisadora sênior do Royal United Services Institute, um think tank de Londres, disse que "por enquanto, parece ser uma salva limitada de mísseis com o objetivo de restabelecer alguma dissuasão".
Mas, observou ela, "se houver vítimas civis israelenses dentro de Israel como resultado, haverá um grave risco de escalada".
Regime iraniano afirma que alvo eram bases militares
A Guarda Revolucionária do Irã informou que seu ataque com mísseis balísticos contra Israel nesta terça-feira teve como alvo "três bases militares" em Tel Aviv.
"Nós atacamos três bases militares ao redor de Tel Aviv", o centro comercial de Israel, afirmou a organização militar em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal iraniana Isna.
A Casa Branca, que antecipou os preparativos do regime islâmico, afirmou que o ataque foi "derrotado e ineficaz".
"Com base no que sabemos até o momento, esse ataque parece ter sido derrotado e ineficaz", afirmou à imprensa Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente dos EUA, Joe Biden.
Polícia israelense diz que oito pessoas foram mortas a tiros em Tel Aviv
A polícia israelense informou que seis pessoas foram mortas em um ataque a tiros em Tel Aviv na noite desta terça-feira. Segundo o relato oficial, dois suspeitos abriram fogo em uma avenida no bairro de Jaffa, no sul da capital. Os dois foram mortos.
O serviço médico de emergência Adom disse que houve tiroteios em dois locais em Tel Aviv.
"Paramédicos estão fornecendo tratamento médico a várias vítimas em condições variadas, incluindo vítimas inconscientes", disse o serviço de emergência israelense em um comunicado.
O ataque ocorreu pouco antes de o Irã lançar mísseis contra Israel, o que levou a população a se refugiar em abrigos antibombas. Até o momento, há relato de duas pessoas levemente feridas por estilhaços. Não há sinal de que haja alguma ligação entre os dois incidentes.
Alemanha condena ataque do Irã contra Israel
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, condenou o ataque com mísseis lançado pelo Irã contra Israel.
"Israel está sendo atacado neste momento pelo Irã com mísseis. Eu condeno o ataque em andamento nos termos mais fortes possíveis”, disse ela na rede X.
"Alertamos urgentemente o Irã contra essa perigosa escalada. O Irã deve interromper o ataque imediatamente", disse ela. "Isso está levando a região ainda mais para o precipício".
Fase mais crítica do ataque parece ter passado
Autoridades de Israel informaram que a população do país já pode sair dos abrigos, numa indicação que a fase mais crítica do ataque iraniano passou.
O espaço aéreo de Israel também foi reaberto e as decolagens e aterrissagens devem ser retomadas em poucas horas, informou a Autoridade de Aeroportos de Israel na noite de terça-feira.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), contra-almirante Daniel Hagari, também disse que nenhuma outra ameaça do Irã foi detectada até o momento.
Ainda não há um balanço de potenciais danos provocados pelo ataque.
Estilhaços deixam duas pessoas levemente feridas
Duas pessoas ficaram levemente feridas por estilhaços dos mísseis iranianos em Tel Aviv, segundo informou o serviço de emergência israelense Adom. Não há relatos de mortes ou vítimas graves até o momento.
O espaço aéreo de Israel foi fechado, assim como o do Iraque e da Jordânia.
A maior parte dos mísseis atingiu Tel Aviv, mas explosões foram ouvidas em todo o país.
O ataque do Irã a Israel é uma "resposta legal, racional e legítima aos atos terroristas", disse a missão do Irã nas Nações Unidas, em publicação no X.
Segundo uma fonte ouvida pela agência Reuters, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, deu a ordem para o disparo dos mísseis, e afirmou que Teerã está "completamente pronto para qualquer retaliação".
O presidente americano, Joe Biden, e sua vice e candidata à Presidência, Kamala Harris, monitoram o ataque contra Israel da Sala de Crise, na Casa Branca. Biden orientou os militares "a ajudar na defesa de Israel contra os ataques iranianos e a abater mísseis que têm como alvo Israel", segundo comunicou o governo.
Missão do Irã na ONU diz que ataque é "resposta legítima"
A missão diplomática iraniana nas Nações Unidas defendeu os lançamentos de mísseis contra Israel, classificando-os como uma resposta ao que chamou de "atos terroristas" de Israel
"A resposta legal, racional e legítima do Irã aos atos terroristas do regime sionista - que envolveu alvejar cidadãos e interesses iranianos e infringir a soberania nacional da República Islâmica do Irã - foi devidamente executada", publicou a missão em sua conta na rede X.
A postagem parecia indicar que o Irã pode não lançar mais mísseis após as ondas registradas nesta noite. Em abril, no ataque anterior do Irã a Israel, a missão iraniana na ONU também fez declarações similares após o regime de Teerã lançar centenas de drones e mísseis contra Israel.
A missão iraniana acrescentou: "Se o regime sionista ousar responder ou cometer outros atos de malevolência, haverá uma resposta subsequente e esmagadora".