ONU: integridade física da usina de Zaporíjia "foi violada"
2 de setembro de 2022A missão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), vinculada à ONU, chegou nesta quinta-feira (01/09) à usina nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia, para uma inspeção, após semanas de negociações. Há meses, combates entre tropas russas e ucranianas na região causam preocupação quanto à possibilidade de uma catástrofe nuclear.
Nesta quinta-feira, um dos reatores da usina foi parado, depois de novos ataques durante a madrugada, dos quais Kiev e Moscou se acusam mutuamente.
Depois de uma visita às instalações, o diretor da AIEA, Rafael Grossi, disse que a "integridade física da central nuclear" ocupada por tropas russas "foi violada várias vezes".
Segundo ele, membros da missão permanecerão em Zaporíjia até "domingo ou segunda-feira" para estudar profundamente o estado da central nuclear, a maior da Europa.
"Vamos ter muito trabalho para analisar determinados aspectos técnicos", observou Grossi, acrescentando que a intenção da AIEA é "manter uma presença permanente" em Zaporíjia.
Especialistas nucleares alertaram que cortes da energia necessária para resfriar as piscinas com combustível nuclear da usina podem causar um colapso desastroso.
Elogio aos trabalhadores ucranianos
Já fora do território ocupado pelos russos, Grossi disse ter visto "muitas coisas" durante as "quatro ou cinco horas" que passou no local.
"Conseguimos visitar a totalidade das instalações. Estive nas unidades [dos reatores], vi o sistema de emergência e outras áreas, as salas de controle", enumerou.
Ele elogiou os trabalhadores ucranianos, que continuam exercendo suas funções na central mesmo depois que o local foi tomado pelos russos, em março.
"É claro que eles estão numa situação difícil, mas têm um grau de profissionalismo incrível", afirmou Grossi.
Trajeto sob fogo
O diretor da AIEA também descreveu como "bastante difícil" a situação de sua equipe, que ouviu fogo de artilharia pesada durante a viagem até a central nuclear e ao atravessar a linha de frente.
"Houve momentos em que eram evidentes os disparos de metralhadoras, artilharia pesada, morteiros duas ou três vezes. Estávamos muito preocupados", admitiu Grossi.
A maior usina nuclear da Europa foi capturada pelas forças russas em março, mas o local ainda é operado por técnicos ucranianos.
Somente dois dos seis reatores da usina – de um total de 15 reatores em todo o país – estão funcionando com capacidade total. Zaporíjia é capaz de gerar energia para abastecer até 4 milhões de residências.
le (EFE, Lusa, ots)