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Instituto Max Planck desenvolve nova vacina contra tuberculose

(ns)25 de março de 2004

Diante do aumento do número de casos de tuberculose no mundo, pesquisadores alemães querem desenvolver uma nova vacina contra a doença infecciosa. Os testes em seres humanos começarão em 2005.

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Paciente com tuberculose na ChinaFoto: AP

O Instituto Max Planck de Biologia das Doenças Infecciosas, de Berlim, está desenvolvendo uma nova vacina contra a TBC. Ela só estará disponível no mercado, contudo, dentro de cinco anos, informou a Sociedade de Pesquisa Biotecnológica, à véspera do Dia Internacional da Tuberculose, nesta quarta-feira (24). Os testes clínicos em seres humanos devem começar em meados de 2005, uma vez concluídos os testes em animais.

A nova ameaça: resistência a antibióticos

Segundo o Instituto Max Planck, 50 milhões de pessoas estão infectadas no mundo com uma forma de tuberculose resistente. Isso acontece principalmente no Leste Europeu, onde os bacilos da enfermidade já não reagem aos antibióticos normalmente usados. Em mais de 70% dos novos casos de TBC nessa região, os bacilos são resistentes ao tratamento comum, segundo os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Responsável por isso seriam o colapso do sistema público de saúde, as péssimas condições higiênicas nas prisões e o aumento da pobreza.

No Brasil, 45 milhões estão infectados com o bacilo. Entre 5% e 10% destes contraem a doença e seis mil morrem de tuberculose por ano, conforme dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Uma BCG modificada

A vacina desenvolvida pelos cientistas de Berlim tem por base uma variante geneticamente modificada da BCG, criada em 1921. A vacina tradicional aplicada em crianças é eficaz como proteção contra algumas formas de turberculose, mas não tem efeito algum nos adultos, ressaltou o diretor do Instituto Max Planck de Berlim, Stefan Kaufmann.

Tuberkulose-Bazillen
O bacilo da tuberculose, como foi visto por Robert Koch através do microscópioFoto: AP

A nova substância teria provocado uma resposta imunológica efetiva nos primeiros testes clínicos. O desenvolvimento da vacina é financiado com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Remédios e testes ineficazes

A ONG Médicos sem Fronteiras lançou um apelo por mais recursos para o desenvolvimento de remédios eficazes contra a enfermidade. A organização teme perder a luta contra a TBC porque tanto os remédios como os instrumentos de diagnóstico seriam antiquados. A Aids também contribui para agravar o problema, já que a tuberculose costuma acompanhar a infecção com o HIV, o que torna seu tratamento mais complicado ainda.

Bürgerkrieg in Kongo Krankenhaus
Médicos sem Fronteira socorrem feridos na guerra do Congo, em junho de 2003Foto: AP

Um terço da população mundial está infectada com o bacilo da tuberculose e cerca de 8 milhões de pessoas contraem a doença por ano. A ONG trata atualmente de 20 mil pacientes em 17 países. E afirma que os medicamentos mais usados são dos anos 40 e 60.

"Os pacientes devem tomar os remédios diariamente, por um período de seis a oito meses, e muitas pessoas não têm condições de fazer isso nos países pobres", queixou-se Olivier Brouant, que coordena o programa antituberculose da Médicos sem Fronteiras em Mumbai.

Desinteresse da indústria farmacêutica

Apesar de algumas pesquisas no setor, a indústria farmacêutica não investe no desenvolvimento de novos remédios contra a TBC. Por isso, a ONG conclama a OMS a iniciar um amplo programa de pesquisa e desenvolvimento de novos remédios contra a tuberculose e garantir seu financiamento.

E lembra que, no caso da Sars, foi desenvolvido um teste para diagnóstico somente alguns meses após a eclosão da epidemia respiratória. "Todos os anos morrem dois milhões de pessoas de tuberculose. Falta consciência da urgência de desenvolver novos testes e remédios", reclamou Rowan Gillies, presidente da Médicos sem Fronteiras.

A Índia, países africanos, a China e alguns latino-americanos são os mais afetados. Na Alemanha diminuem os casos de TBC, mas a enfermidade não está erradicada. Anualmente são registrados cerca de 7500 casos e aumenta o índice de resistência.

Segundo Walter Haas, do Instituto Robert Koch, de Berlim, o risco na Alemanha e nos países industrializados é de outro tipo: que diante da pouca incidência da doença, os médicos nem cogitem a TBC na hora de fazer um diagnóstico. E enquanto ela não for identificada, o paciente poderá contaminar muitas pessoas.