Longe da crise
6 de janeiro de 2012A indústria automotiva comemora o ano que passou, principalmente graças ao desempenho nos grande países emergentes do Bric e também nos Estados Unidos. As grandes marcas alemãs Volkswagen, Mercedes e Audi estão entre as que mais ganharam.
A Volkswagen divulgou nesta sexta-feira (06/01) que vendeu 5,1 milhões de veículos em todo o mundo ao longo de 2011, uma alta de 13,1% em relação ao ano anterior e recorde na história da empresa. No mercado chinês, um dos mais importantes para a montadora de Wolfsburg, o crescimento foi de 13,8%, somando 1,72 milhão de unidades comercializadas.
O ano que passou também foi de recorde para a empresa alemã Daimler: foram vendidos 1,36 milhão de veículos das marcas Mercedes-Benz, Smart, AMG e Maybach – alta de 7,7% em relação a 2010, graças principalmente ao crescimento do consumo nos países do Bric, ou seja, Brasil, Rússia, Índia e China, e Estados Unidos.
O número recorde ajudou a adoçar as comemorações dos 125 anos da patente de Carl Benz. "Nunca vendemos tantos carros como em 2011. A razão disso são as nossas novas gerações da Classe C, C Coupe, SLK e CLS, além da nossa nova Classe B e a recém-lançada Classe M", avaliou o presidente do grupo Daimler, Dieter Zetsche.
A demanda externa foi responsável pelo bom desempenho da empresa no ano passado. Enquanto a Daimler viu a demanda em seu mercado central, a Europa Ocidental, se retrair em 1%, nos EUA as vendas aumentaram 13,3% e na China, 30,6%.
A fabricante Audi, rival da Daimler, também faturou no mercado chinês. A empresa registrou um crescimento de 37% na procura por seus veículos no país oriental, consolidando 313 mil unidades vendidas. Com isso, a previsão é de aumento da produção de carros de luxo para a China.
Consumo, mesmo em crise
Apesar da alta taxa de desemprego e da insegurança conjuntural, os norte-americanos consumiram mais carros novos no ano passado. Segundo a empresa de pesquisa de mercado Autodata, 12,8 milhões de automóveis foram vendidos no país no ano passado, 10,3% a mais que em 2010. Entre os motivos estariam a renovação da frota, em parte antiga, e as promoções de fim de ano.
A Volkswagem, por exemplo, contabilizou um aumento de 36% das vendas em dezembro graças à procura por veículos médios Passat e Jetta, desenvolvidos especialmente para atender o mercado dos EUA. Mesmo os fabricantes nacionais assistiram a um aumento das vendas nos Estados Unidos. A General Motors registrou acréscimo de 13% e a Ford, de 11%. A Chrysler, que pertence à Fiat, teve o maior aumento, de 26%.
Já as fabricantes japonesas Toyota e Honda sofreram uma retração no mercado norte-americano de 7%, reflexo ainda do terremoto no início do ano passado em seu país de origem.
Os números foram divulgados pela Autodata dias antes do início da tradicional Feira de Automóveis de Detroit, que começa na próxima segunda-feira (09/01). Durante a exposição, além de apresentar seus modelos, as fabricantes poderão começar a sentir o mercado para este ano. Também devem ser discutidos durante a exposição temas como mobilidade elétrica e construções mais leves, usando fibras de carbono, alumínio e aço de alta resistência.
O mercado brasileiro também teve um desempenho recorde em 2011, com vendas de 3,6 milhões de carros, segundo números divulgados esta semana pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A alta em relação a 2010 foi de 3,3%.
De olho no Bric
Apesar da animação do setor com relação ao balanço do ano passado, especialistas acreditam que 2012 será um ano difícil. Os principais motivos seriam a situação de risco da economia mundial e a crise da dívida na Europa. Os observadores do mercado desconsideram, porém, uma recessão no setor. A Associação da Indústria Automotiva Alemã (VDA) calcula que a demanda por carros em todo o mundo deve apresentar apenas uma leve alta neste ano.
As apostas do setor são de que China, Brasil e Índia serão os mercados que mais vão crescer em 2012, enquanto se espera uma queda das vendas na Europa. Para os EUA, a expectativa é de que as vendas cresçam, mas num ritmo bem menor que o observado em 2011.
A concorrência entre as maiores fabricantes de automóveis do planeta para conquistar os mercados dos países emergentes este ano deve ser grande, segundo estudo da auditoria alemã KPMG realizado com 200 montadoras, fabricantes de autopeças, revendas e prestadores de serviços.
A maioria dos especialistas ouvidos espera que, até 2025, a participação dos Bric no mercado automobilístico alcance 40%. Em 2008 ela era de apenas 24%. Com isso, a tradicional separação entre os então grandes mercados – Estados Unidos, Japão e Europa – e os países emergentes deve se tornar, em breve, coisa do passado.
MSB/dpa/rtr/afp
Revisão: Alexandre Schossler