Incêndio mata dezenas de migrantes no México
28 de março de 2023Pelo menos 39 migrantes morreram e 29 ficaram feridos na noite desta segunda-feira (27/03) num incêndio que atingiu um centro do Instituto Nacional de Migração (INM) em Ciudad Juárez, no norte do México, junto à fronteira com os Estados Unidos.
De acordo com o INM, 68 homens adultos procedentes de países da América Central e do Sul estavam alojados no local. Os feridos foram levados para quatro hospitais da região.
O INM disse que comunicou o incidente à Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) para que ela interceda nos processos judiciais e na tutela dos estrangeiros.
O posto está localizado na Ponte Internacional Stanton-Lerdo, que liga Ciudad Juárez, no México, a El Paso, no estado americano do Texas, e acolhia migrantes retidos por tentar ingressar ilegalmente nos EUA.
"Perante os fatos, foi estabelecida comunicação e coordenação com autoridades consulares de diferentes países para a implementação de ações que permitam a identificação completa [das vítimas]", destacou o INM.
A autoridade migratória mexicana disse que vai acompanhar a evolução do estado de saúde dos internados e prestar apoio às famílias das vítimas.
Obrador culpa migrantes pelo fogo
Em uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, culpou os migrantes pelo ocorrido.
"Isto teve a ver com um protesto que, supomos, eles começaram quando souberam que seriam deportados. Eles colocaram colchonetes na porta do abrigo e os incendiaram, não imaginavam que isso iria causar esse terrível infortúnio", disse López Obrador.
De acordo com o presidente mexicano, os migrantes eram principalmente da América Central e alguns da Venezuela.
"Ainda não sabemos exatamente os nomes e as nacionalidades daqueles que infelizmente perderam a vida. É muito triste", comentou López Obrador.
Testemunhas disseram à imprensa local que o incêndio começou na área onde os migrantes estavam detidos e alguns deles ficaram presos. Antes do incidente, agentes do INM realizaram uma operação para retirar migrantes que pediam ajuda nas ruas.
Aumento de migrantes
A presença de migrantes na área se intensificou neste ano desde que os Estados Unidos anunciaram novas medidas que incluem a deportação imediata de cidadãos sem documento vindos do Haiti, da Venezuela, da Nicarágua e de Cuba que chegam ao país por via terrestre.
O governo mexicano também enfrentou críticas de organizações de direitos humanos por aceitar as políticas dos EUA e mobilizar mais de 20 mil militares nas fronteiras para tarefas de imigração.
Segundo organizações civis mexicanas, 900 pessoas morreram tentando cruzar ilegalmente a fronteira com os Estados Unidos somente em 2022.
A região vive um fluxo migratório recorde, com 2,76 milhões de migrantes sem documento detidos na fronteira EUA-México em 2022. Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o fluxo migratório aumentou 8% no território mexicano.
le/ek (Efe, Lusa)