Incêndio destrói patrimônio da humanidade
4 de setembro de 2004O incêndio na biblioteca Anna Amalia, em Weimar, na madrugada de sexta-feira (03/09) provocou perdas irreparáveis ao legado literário alemão. Estima-se que cerca de 30 mil obras dos séculos 16, 17 e 18 tenham sido destruídas. Outros 40 mil livros foram seriamente danificados pela ação da fumaça e da água usada para apagar o fogo.
Declarada patrimônio da humanidade pela Unesco, em 2001, a biblioteca abrigava cerca de 1 milhão de exemplares. Muitos deles de valor inestimável, como a coleção de 3900 volumes da obra Fausto, de Johann Wolfgang Von Goethe, 2 mil pergaminhos medievais, 8400 mapas históricos, 500 manuscritos do filósofo Friedrich Nietzsche e ainda uma coleção de bíblias, incluindo a bíblia de Martinho Lutero, de 1534, que felizmente foi salva.
Com ajuda da população
As causas do incêndio ainda são desconhecidas. Tudo leva a crer que o fogo tenha sido desencadeado por um defeito na parte elétrica. Tão logo as chamas começaram, a população saiu às ruas. Enquanto os bombeiros apagavam o incêndio, mais de 500 pessoas fizeram uma corrente humana para ir salvando os livros. Esta operação ajudou a resgatar mais de 1200 obras.
Apesar de todos os esforços, não foi possível salvar todo o acervo. Toda a valiosa coleção de livros musicais, que estava na sala principal, foi queimada pelo incêndio. A ministra da Cultura, Christina Weiss, cancelou seus compromissos e viajou até Weimar para ver de perto os estragos. "A memória literária da Alemanha sofreu uma perda irreparável", lamentou.
Berço do classicismo
O local onde os livros estavam abrigados também era histórico. A biblioteca recebeu o nome de sua fundadora, a duquesa Anna Amalia von Sachsen-Weimar Eisenach, que em 1761 transformou o chamado Palácio Verde em sede da biblioteca. Ela inclusive mandou modificar totalmente seu estilo.
Edificado em 1565, a construção passou por uma reforma interna adotando o rococó. Com a ajuda de Goethe, que administrou e ampliou a biblioteca, Anna Amalia conseguiu que o lugar fosse incluído no rol das 12 bibliotecas mais importantes da Alemanha. O espaço, que abrigava obras de Schiller, Herder e Wieland, por exemplo, era considerado "berço do classicismo alemão".
Ironicamente, o incêndio na biblioteca aconteceu cinco semanas antes de o acervo ser transferido para outro lugar justamente para que o castelo pudesse ser restaurado e modernizado.