Hong Kong detém 53 políticos opositores e ativistas
6 de janeiro de 2021A polícia de Hong Kong prendeu nesta quarta-feira (06/01) 53 políticos e ativistas da oposição acusados de violar a polêmica Lei de Segurança Nacional, imposta pela China.
Muitos dos opositores, incluindo vários ex-deputados, foram presos por participação nas eleições primárias extraoficiais do campo pró-democracia em julho de 2020, antes das eleições legislativas de setembro, que acabaram sendo adiadas pelas autoridades sob a justificativa da pandemia do novo coronavírus.
O secretário de Segurança de Hong Kong, John Lee, declarou que as ações dos detidos são subversivas e podem causar "sérios danos à sociedade". O governo da China defendeu as detenções, que chamou de necessárias para "impedir que forças externas ataquem a estabilidade e segurança da China".
Esta é a maior operação do tipo desde que a controversa Lei de Segurança Nacional entrou em vigor, em 30 de junho de 2020, permitindo às autoridades chinesas combater o que consideram como atividade "subversiva e secessionista" na região semiautônoma. Entre as penas previstas pela lei está até mesmo a de prisão perpétua em casos de secessão ou conluio com forças estrangeiras.
O Partido Democrata local afirmou que a polícia considerou sua campanha para tentar conseguir a maioria no Parlamento de Hong Kong "um ato de subversão que viola a Lei de Segurança Nacional".
Entre os presos estão os ex-deputados Leung Kwok-Hung, Gary Fan, Lam Cheuk-ting, Chu Hoi-dick, Au Nok-hin, Alvin Yeung, Wu Chi-wai, James To e Andrew Wan.
O organizador das primárias, Benny Tai, também está entre os detidos, assim como Robert Chung, diretor executivo do Instituto de Pesquisa de Opinião Pública de Hong Kong (Pori, na sigla em inglês), que forneceu a tecnologia para a realização da votação.
"A repressão gera resistência"
Maya Wang, pesquisadora da ONG Human Rights Watch, disse hoje que "o governo chinês decidiu celebrar 2021 com as prisões de mais de 50 destacados ativistas pró-democracia em Hong Kong, apagando os restos de aparência democrática deixados na cidade".
"Mais uma vez, Pequim não está aprendendo com seus erros em Hong Kong: a repressão gera resistência, e milhões de habitantes de Hong Kong continuarão a lutar por seu direito de voto e concorrer como candidatos a um governo eleito democraticamente", afirmou.
A Casa Branca não comentou as detenções. O futuro secretário de Estado, Antony Blinken, disse que se trata de um ataque "àqueles que corajosamente defendem direitos universais" e que o governo de Joe Biden "vai estar ao lado do povo de Hong Kong e contra a repressão da democracia por Pequim".
Desde a entrada em vigor da controversa lei de segurança, que foi projetada e imposta por Pequim, houve inúmeras operações policiais e prisões de ativistas, com alguns optando por se exilar para evitar represálias por atividades que, sob a nova legislação, poderiam constituir crimes.
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