Holanda reimpõe lockdown parcial para conter avanço da covid
12 de novembro de 2021O governo da Holanda anunciou nesta sexta-feira (12/11) vai impor um lockdown parcial a partir de sábado numa tentativa de conter a nova disparada de casos de covid-19. As medidas incluem o fechamento mais cedo de restaurantes e lojas e a proibição espectadores em grandes eventos esportivos.
A previsão, segundo o primeiro-ministro Mark Rutte, é que as novas restrições durem pelo menos três semanas. A Holanda é o primeiro país da Europa ocidental a regressar a uma forma de confinamento desde o fim do verão no Hemisfério Norte.
Supermercados e comércios não essenciais também fecharão mais cedo, e medidas de distanciamento social serão reimpostas. O governo recomendou à população que não receba mais do que quatro visitantes em casa, uma ação a ser adotada de imediato. Cafés, bares e restaurante terão que fechar no máximo às 20h.
"Esta noite estamos trazendo uma mensagem muito desagradável com medidas muito desagradáveis e abrangentes", disse Rutte em um pronunciamento televisionado na noite desta sexta-feira. "O vírus está em toda parte e precisa ser combatido em toda parte."
O governo holandês também está estudando maneiras de restringir o acesso de pessoas que não foram vacinadas a locais fechados, uma medida que exigiria aprovação do Parlamento
O registro de novas infecções passou de 16 mil pelo segundo dia consecutivo nesta sexta-feira, quebrando o recorde anterior de quase 13 mil casos confirmados em dezembro do ano passado.
Rutte também instruiu as pessoas a trabalharem em casa sempre que possível, e disse que nenhum espectador seria permitido nas próximas semanas para participar de eventos esportivos, incluindo um jogo da seleção holandesa de futebol contra a Noruega pelas Eliminatórias da Copa do Mundo na terça-feira.
Escolas, teatros e cinemas permanecerão abertos.
Um grupo de cerca de 100 manifestantes anti-lockdown se reuniu fora da sede do governo em Haia, onde Rutte fazia seu pronunciamento. Várias pessoas foram detidas por soltar fogos de artifício e jogar objetos na polícia.
Guinada
O anúncio de sexta-feira marcou uma guinada na política para a pandemia do governo holandês, que até o mês passado avaliava que a taxa de vacinação relativamente alta permitiria flexibilizar ainda mais medidas no final do ano.
As novas infecções no país de 17,5 milhões de habitantes aumentaram rapidamente depois que a maioria das medidas de distanciamento social foram abandonadas no fim de setembro.
Cerca de 82% da população holandesa com mais de 12 anos de idade foi totalmente vacinada. Desde o início da pandemia, a Holanda registrou 2,27 milhões de casos de covid-19 e 18.695 mortes relacionadas à doença.
Alerta na Europa
No momento, dez estados-membros da União Europeia estão numa situação de "preocupação muito alta" em relação à covid-19, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC).
Além da Holanda, Bélgica, Bulgária, Croácia, Eslovênia, Estónia, Grécia, Hungria, Polônia e República Tcheca estão classificados como estando numa situação de "preocupação muito alta", a mais elevada do ECDC.
Outros 10 estados-membros (Alemanha, Áustria, Dinamarca, Eslováquia, Finlândia, Irlanda, Letônia, Lituânia, Luxemburgo e Romênia) estão numa situação de "preocupação alta".
Portugal, Chipre e França estão classificados como em situação de "preocupação moderada", e Espanha, Itália, Malta e Suécia estão na categoria de "preocupação reduzida".
Cerca de 65% da população do Espaço Econômico Europeu (EEE), que inclui União Europeia, Islândia, Liechtenstein e Noruega, recebeu duas doses, de acordo com dados da UE, mas o ritmo diminuiu nos últimos meses.
A aplicação de vacinas em países do sul europeu está em cerca de 80%, mas a relutância freia a distribuição no centro e no leste da Europa e na Rússia, causando surtos que podem sobrecarregar os sistemas de saúde.
O ECDC salienta ainda que o número de casos tem subido muito e rapidamente, mas a taxa de mortalidade por covid-19 se mantém baixa, mas em subida lenta, estimando que nas próximas duas semanas os números de caos, hospitalizações e mortes deve aumentar.
jps/lf (Reuters, Lusa, ots, AFP)