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Haddad é denunciado por corrupção em São Paulo

5 de setembro de 2018

Ministério Público estadual acusa ex-prefeito de ter recebido propina milionária de empreiteira para pagar dívida de campanha. Candidato a vice-presidente, ele nega crime e questiona denúncia em período eleitoral.

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Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo
Haddad foi ministro da Educação nos governos Lula e Dilma Rousseff e prefeito de São Paulo entre 2013 e 2016Foto: DW/M. Estarque

O Ministério Público de São Paulo apresentou uma denúncia contra o ex-prefeito da capital paulista e candidato a vice-presidente da República Fernando Haddad (PT), acusado dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Segundo a denúncia, datada de segunda-feira (03/09), o petista "solicitou e recebeu indiretamente" vantagens indevidas no valor de 2,6 milhões de reais da empreiteira UTC Engenharia para o pagamento de dívidas de sua campanha à prefeitura de São Paulo em 2012.

Foram denunciados na mesma ação o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, o ex-presidente da UTC Ricardo Pessoa, o ex-diretor financeiro da empresa Walmir Pinheiro Santana e o doleiro Alberto Yousseff.

A denúncia do promotor Marcelo Mendroni afirma que os repasses foram negociados entre abril e maio de 2013 por Vaccari Neto, que "representava e falava em nome de Fernando Haddad".

O ex-tesoureiro teria pedido inicialmente 3 milhões de reais a Ricardo Pessoa, que seriam destinados a pagar trabalhos realizados durante a campanha por uma gráfica pertencente a Francisco Carlos de Souza, conhecido como Chicão.

Por fim, em negociação direta sobre a dívida entre a UTC e o diretor financeiro da gráfica, o valor a ser pago acabou sendo reduzido para 2,6 milhões de reais, afirma a denúncia. O repasse teria sido feito em parcelas a contas de caixa dois.

Segundo Mendroni, Haddad, "exercendo o cargo de prefeito, e em razão desta função, detinha domínio a respeito de fatos que poderiam resultar em benefícios de contraprestação à empreiteira UTC Engenharia". O documento, contudo, não afirma se contrapartidas foram de fato concretizadas.

A denúncia foi baseada em depoimentos de delação premiada dos ex-executivos da UTC Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro e do doleiro Yousseff, bem como numa investigação da Polícia Federal que apurou suspeitas de lavagem de dinheiro e caixa dois na campanha de Haddad à prefeitura.

Em nota, a assessoria de imprensa do petista questionou a veracidade das delações, assim como o fato de a denúncia ter sido apresentada em época de campanha eleitoral – atual candidato a vice, Haddad é o provável substituto de Luiz Inácio Lula da Silva na chapa do PT à Presidência.

"Surpreende que, no período eleitoral, uma narrativa do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sem qualquer prova, fundamente três ações propostas pelo Ministério Público de São Paulo, contra o ex-prefeito e candidato a vice-presidente da República, Fernando Haddad", diz a nota.

Segundo a assessoria, "é notório que o empresário já teve sua delação rejeitada em quase uma dezena de casos e que ele conta suas histórias de acordo com seus interesses".

"Também é de conhecimento público que, na condição de prefeito, Fernando Haddad contrariou no segundo mês de seu mandato o principal interesse da UTC de Ricardo Pessoa na cidade: a obra confessadamente superfaturada do túnel da avenida Roberto Marinho", afirma o texto.

Na semana passada, o Ministério Público de São Paulo já havia proposto uma ação civil contra o ex-prefeito, sob acusação de improbidade administrativa, pelo mesmo caso.

À época, a assessoria de Haddad afirmou que "todo o material gráfico produzido em sua campanha [à prefeitura em 2012] foi declarado e que não havia razão para receber qualquer recurso não declarado da UTC".

EK/ots

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