Guerra no Japão seguiu até setembro
No mesmo dia em que anunciou a capitulação da Alemanha e a "libertação do Ocidente", a 8 de maio de 1945, o presidente norte-americano Harry Truman lembrou que o Oriente continuava sob o domínio do Exército japonês e propôs, por isso, que o Japão capitulasse.
No dia seguinte, o governo de Tóquio deixou claro que continuaria o conflito, embora se sentisse "abandonado" após a derrocada da Alemanha nazista e a saída da Itália do Eixo. Além disso, num encontro com os chefes de governo Franklin D. Roosevelt (EUA) e Winston Churchill (Grã-Bretanha), ainda em 1943, o líder soviético Josef Stalin havia se comprometido a ingressar no conflito do Pacífico depois da rendição da Alemanha. Em 3 de maio de 1945, os soviéticos rescindiram seu acordo de neutralidade com o Japão.
Japão sem saída
O anúncio de Moscou foi um duro golpe para o vizinho Japão, que até aí esperava o apoio da União Soviética para assegurar o norte de seu território, que Moscou intercedesse nas negociações de paz e garantisse o abastecimento japonês de petróleo.
O cancelamento do pacto de não-agressão e a declaração de guerra da União Soviética uma semana antes da derrota do Japão, em agosto de 1945, acabaram de vez com as expectativas dos militares japoneses.
O desespero do Japão podia ser sentido em todas as frentes da guerra no Pacífico. Os bombardeiros norte-americanos de longo alcance, por exemplo, praticamente não encontraram resistência ao bombardeamento das cidades japonesas. No auge dos ataques, em 24 e 25 de maio de 1945, Tóquio foi bombardeada por mais de 500 aviões norte-americanos. Até junho, a operação aérea dos EUA causou a morte de quase cem mil pessoas só na capital, que ficou semidestruída pelo fogo.
Exercícios com lanças de bambu e várias invenções
Em sinal de desespero, a liderança militar japonesa não teve outra saída a não ser a convocação, até o último, dos 100 milhões de concidadãos para a defesa do território nacional. Era uma forma, também, de abafar os clamores por negociações de paz vindos da sofrida população. Além dos exercícios com extintores de incêndio nas pausas entre os bombardeios, tanto homens como mulheres, velhos e jovens, aprendiam a lidar com lanças de bambu ou qualquer outro tipo de material que pudesse ser usado como arma contra os invasores.
Como ao final da guerra aumentassem as necessidades em todos os setores, os japoneses contornaram seus problemas com criatividade. Desenvolveram, por exemplo, um substituto para a gasolina a partir da raiz de pinheiros e transformaram cânfora num tipo de combustível para avião. Já em 1944, haviam inventado um explosivo com algodão usado e, no ano seguinte, fabricaram o maior submarino do mundo, mas que acabou sendo barrado logo após a capitulação japonesa, a caminho dos Estados Unidos e com quatro aviões bombardeiros a bordo.
Em maio daquele ano, haviam inventado recipientes para guardar gasolina, feitos à base de bambu e papel. Dois meses depois, a Marinha havia desenvolvido um foguete teleguiado, que caiu no mar logo após o lançamento.
Bombas atômicas
Em 28 de julho de 1945, o Japão anunciou que não respeitaria as decisões dos Aliados na Conferência de Potsdam, publicadas dois dias antes. Tóquio, no entanto, teve de submeter-se à rendição incondicional, depois dos aterradores ataque com bombas atômicas norte-americanas contra Hiroshima, a 6 de agosto, e Nagasaki, três dias mais tarde.
"Mas por que tantas pessoas inocentes tiveram de morrer através destas modernas bombas?", perguntam-se os sobreviventes, que ainda hoje sofrem as conseqüências da radioatividade emitida 60 anos atrás. Seus filhos e netos temem seqüelas no código genético. Hoje, seis décadas após o final dos combates, engajam-se pela paz mundial, por um mundo sem armas nucleares. Melhor ainda, por um mundo em que nunca mais haja guerras.