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PolíticaColômbia

Guaidó vai para Miami após imbróglio com a Colômbia

26 de abril de 2023

Líder da oposição venezuelana diz que foi expulso de Bogotá. Presidente colombiano, Gustavo Petro, nega e justifica que Guaidó entrou de maneira irregular no país.

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Guaidó sentado em frente a um computador. Ao fundo, do lado esquerdo, a bandeira da Venezuela.
Guaidó entrou a pé na Colômbia, vindo da VenezuelaFoto: Leo Alvarez/Juan Guaido's Office/AFP

O ex-líder do governo interino da oposição venezuelana, Juan Guaidó, chegou a Miami nesta terça-feira (25/04) depois de deixar a Colômbia após se envolver em um imbróglio. Guaidó alega que foi expulso do país. O governo colombiano nega e diz que o venezuelano entrou de forma irregular em seu território. 

Sentado em um avião a caminho dos Estados Unidos, Guaidó disse, em uma mensagem de vídeo no Twitter, que estava "sendo expulso da Colômbia", alegando que a "perseguição" e "ameaças" do governo Maduro "se estenderam" ao país vizinho.

"Depois de 60 horas na estrada para chegar a Bogotá, fugindo da perseguição da ditadura, desafiando o regime de [Nicolás] Maduro, eles estão me tirando da Colômbia", disse Guaidó no vídeo.

"Devido às ameaças diretas à minha família e filhas por parte do regime de Maduro, que se espalharam para a Colômbia, estou pegando este voo. Até conseguirmos eleições livres na Venezuela, continuaremos lutando", escreveu no post que acompanha o vídeo.

Guaidó, que está proibido de deixar a Venezuela porque responde a vários processos judiciais, disse na segunda-feira que estava na Colômbia, onde esperava se reunir com as delegações internacionais que participarão de uma conferência.

"Acabei de chegar à Colômbia da mesma forma que milhões de venezuelanos antes de mim - a pé", disse ele na segunda-feira.

Bogotá é palco nesta terça-feira de uma conferência internacional, convocada pelo presidente colombiano, Gustavo Petro, e para a qual foram convidados cerca de 20 países, para abordar a situação venezuelana e tentar desbloquear o diálogo entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição antichavista.

Contudo, nem Guaidó nem Maduro foram convidados. Mesmo assim, o opositor pretendia realizar encontros com os países participantes e reuniões com a diáspora venezuelana, estimada em quase três milhões de imigrantes residentes na Colômbia, segundo agências das Nações Unidas.

Colômbia nega expulsão

As autoridades da Colômbia negam que tenham expulsado Guaidó. De acordo com um comunicado da Migração Colômbia, o venezuelano "entrou no território colombiano por rotas irregulares", razão pela qual os funcionários de imigração "realizaram o procedimento de acordo com o disposto no Decreto 1.067 de 2015 que contempla a normativa migratória colombiana".

"Uma vez notificado, o suposto infrator da lei de imigração deixou o país”, afirmou o órgão, referindo-se à entrada ilegal de Guaidó no país ontem por uma das muitas trilhas que cruzam a fronteira comum de 2.219 quilômetros.

De acordo com o diretor-geral da Migração Colômbia, Fernando García, "o procedimento teve todas as garantias do devido processo e direito de defesa" e "não constitui uma sanção" contra Guaidó.

O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia disse na noite de segunda-feira que "a migração colombiana levou Juan Guaidó, venezuelano que chegou irregularmente a Bogotá, ao aeroporto El Dorado com o objetivo de garantir sua saída para os Estados Unidos em uma companhia aérea comercial".

A remoção de Guaidó do país pelas autoridades colombianas levantou dúvidas sobre se a principal figura da oposição venezuelana havia sido enviada para o exílio, mas o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia enfatizou que a passagem de avião para Miami "já havia sido comprada por Guaidó".

Petro sentado, com a mão no rosto
Petro disse que, se Guaidó tivesse entrado com um passaporte e pedido asilo, o teria concedidoFoto: Ivan Valencia/AP Photo/picture alliance

Petro diz que concederia asilo

Também nesta terça-feira Petro usou o Twitter para rechaçar as acusações do político venezuelano. 

"O senhor Guaidó não foi expulso e é melhor que essa mentira não apareça na política", escreveu Petro. "O senhor Guaidó tem um acordo para viajar aos Estados Unidos. Permitimos por razões humanitárias, apesar da entrada ilegal no país", acrescentou.

Petro também disse que se Guaidó "simplesmente" tivesse entrado com um passaporte e pedido asilo, "o teria oferecido com prazer."

EUA confirmam apoio

Os Estados Unidos confirmaram, nesta terça-feira, que ajudaram Guaidó a deixar a Colômbia, mas não esclareceram se pagaram a passagem aérea para Miami.

Um alto funcionário americano explicou à agência de notícias EFE que os EUA ajudaram Guaidó a deixar a Colômbia porque se sentia ameaçado.

"Juan Guaidó acredita que está ameaçado e trocou a Venezuela pela Colômbia. Nós o ajudamos a continuar com sua viagem para os Estados Unidos", explicou o funcionário americano.

Em entrevista coletiva, o vice-porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, explicou que contou com a ajuda de diplomatas americanos em "estreita colaboração" com o governo colombiano.

Questionado se Guaidó pediu asilo ou algum tipo de proteção nos Estados Unidos, Patel respondeu que se trata de uma informação "confidencial".

Guaidó, um engenheiro industrial de 39 anos, ganhou as manchetes em todo o mundo em 2019, quando liderou um governo interino em oposição a Maduro após as eleições de 2018, que foram amplamente vistas como fraudulentas.

Ele foi reconhecido por mais de 50 países como o líder legítimo da Venezuela, incluindo os EUA e a Colômbia sob o ex-presidente conservador Ivan Duque.

No entanto, Maduro conseguiu se manter no poder e o governo simbólico de oposição foi dissolvido em janeiro.

O presidente esquerdista da Colômbia, Gustavo Petro, adotou uma abordagem diferente de seu antecessor, pressionando por negociações e se opondo a sanções contra seu vizinho.

Guaidó foi o estopim para o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países em 23 de fevereiro de 2019, após organizar uma operação para levar ajuda humanitária ao seu país através da Colômbia.

le (Lusa, EFE, ots)