Grécia poderá depender de ajuda humanitária
30 de junho de 2015O austríaco Erwin Schrümpf e sua equipe de ajudantes chegaram nesta segunda-feira (29/06), com quatro micro-ônibus, ao porto de Patras, na Grécia. Na bagagem, levavam seis toneladas de artigos de ajuda humanitária, incluindo medicamentos e equipamento médico. Eles distribuem as doações a um total de 18 clínicas, orfanatos, centros sociais e residências para pessoas com deficiência.
"No momento, estamos passando por Atenas e acabamos de entregar a um centro social itens como fraldas, óleo para bebê e outros artigos infantis", disse Schrümpf à DW.
Assistir a uma reportagem da emissora alemã ARD, em 2012, sobre a situação emergencial de muitos hospitais gregos foi o que impulsionou Schrümpf a ajudar. Desde então, ele coletou várias toneladas de donativos, também de firmas farmacêuticas da Áustria e Alemanha, e já fez 32 viagens à Grécia de micro-ônibus.
"Já estamos fazendo isso há dois anos e meio. A situação nunca foi tão grave como agora: as ruas estão desertas, a rodovia está deserta. As pessoas estão tensas, não se vê ninguém sorrir. Nos hospitais e orfanatos, até a comida está acabando. É uma loucura", diz. O voluntário teme que, se a Grécia for à falência, uma catástrofe humanitária ocorra nas próximas semanas.
Necessidade de ajuda
Caso isso aconteça, possivelmente não bastarão iniciativas particulares como a Griechenlandhilfe (Ajuda para a Grécia) de Schrümpf. O vice-chanceler federal alemão, Sigmar Gabriel, já ofereceu "assistência humanitária abrangente" aos gregos no caso de insolvência. "Nós, europeus, não vamos abandonar a Grécia à própria sorte", assegurou no último domingo o político social-democrata. A maior urgência é ajudar o dilapidado sistema de saúde nacional.
No entanto, o porta-voz da bancada conservadora cristã da CDU-CSU no parlamento alemão, Eckhardt Rehberg, declarou ao jornal Die Welt que considera precipitado falar de ajuda humanitária agora. "Mas não descarto que vamos chegar a isso", disse.
Na Alemanha, o Ministério do Exterior é o responsável pela assistência humanitária estatal no exterior. O órgão em si não fornece ajuda, mas cofinancia "projetos e programas das organizações humanitárias da ONU, de ONGs alemãs e do Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho", segundo informações do próprio ministério.
O governo alemão investiu 437 milhões de euros para esse fim em 2014, especialmente para as crises na Síria, Iraque, Ucrânia, Sudão do Sul e para as regiões atingidas pela epidemia de ebola na África Ocidental.
Até o momento, nada indica que Berlim tenha planos concretos de subvenção oficial a projetos humanitários na Grécia. Ainda falta definir se, afinal de contas, a falência estatal grega não é evitável. Ao mesmo tempo, a situação é extremamente dramática nas zonas de guerra e de crise por todo o mundo, onde a população depende urgentemente de apoio.
Por isso, a Grécia também não ocupa o topo da lista da maioria das organizações humanitárias. Esse é o caso da Cruz Vermelha Alemã: "Só entramos em ação quando uma associação parceira, neste caso a Cruz Vermelha Grega, nos pede ajuda", diz uma porta-voz da organização alemã. Até o momento, nenhum pedido nesse sentido chegou à Federação Internacional da Cruz Vermelha, afirma.
Ampliar laços greco-alemães
A Diakonie, serviço caritativo das Igrejas Luterana na Alemanha, já está preparada para o caso de necessidade. Sua seção na região de Württemberg, no sul do país, já apoia projetos humanitários na Grécia – fornecendo alimentos à população carente, por exemplo.
Devido ao grande número de funcionários de origem grega nas divisões locais da organização, os laços com o país são tradicionalmente estreitos, diz o presidente da Diakonie Württemberg, Dieter Kaufmann "Vamos certamente ampliá-los, pois a necessidade é grande e aumentará ainda mais", acrescenta.
Schrümpf é da opinião que a Europa não pode permitir que estimados 4 milhões de gregos fiquem expostos aos efeitos da miséria. Ele apela por ajuda urgente, por exemplo, para o lar de pessoas com deficiência de Patras, o qual visitou a caminho de Atenas. No local, 66 crianças dependem de doações de alimentos. "A diretoria da residência não tem mais dinheiro para comprar comida", diz.