Grupos industriais lançam ofensiva contra tarifas de Trump
12 de setembro de 2018Uma ampla coalizão de grupos industriais americanos lançou nesta quarta-feira (12/09) uma campanha milionária contra a política tarifária do presidente Donald Trump. O objetivo é conter a escalada de uma guerra comercial.
A coalizão, batizada de Americanos pelo Livre Comércio, reúne mais de 60 grupos que representam a indústria dos Estados Unidos, de setores que vão de tecnologia a brinquedos.
"Isso equivale a praticamente todos os setores da economia americana", afirmou David French, principal lobista da Federação Nacional do Varejo, cujos membros incluem Amazon.com, Macy's e Walmart.
A aplicação de tarifas vem se tornando prática comum no governo de Trump, que taxou em 25% importações chinesas no valor de 50 bilhões de dólares. Após essa primeira rodada, o presidente americano anunciou uma lista de produtos da China, no valor total de 200 bilhões de dólares ,a serem atingidos por uma nova taxa de importação de 10% e ameaçou tarifar 267 bilhões de dólares adicionais, o que cobriria basicamente todo tipo de exportação chinesa para os EUA.
"Muitos grupos de interesses imaginavam que as tarifas não vigorariam tanto tempo ou que o impacto não seria tão profundo, mas o efeito combinado finalmente levou todos a dizer: 'Já chega'", disse Nicole Vasilaros, principal lobista da Associação Nacional de Fabricantes Marítimos, cujos membros estão avaliando despedir funcionários por conta de um aumento de custos de até 35%.
A nova coalizão conta com um orçamento de mais 3 milhões de dólares para realizar audiências públicas, publicidade digital e lobby junto a congressistas, principalmente republicanos. A expectativa é receber apoio político para combater as tarifas e incentivar congressistas a pressionar Trump para que volte atrás e abandone a guerra comercial.
O grupo enviou uma carta a membros do Congresso americano pedindo que legisladores participem de eventos locais na semana que vem na Pensilvânia, em Illinois e no Tennessee. Inicialmente, o grupo vai focar esses três estados, Ohio e Indiana, com o plano de se expandir para uma dezena de estados até o fim do ano.
Membros do Congresso não têm conseguido desacelerar o ímpeto tarifário de Trump e poucos se dispõem a falar em público sobre o tema, temendo despertar a ira do presidente e de sua base republicana.
"As tarifas baixas e regras reduzidas que impulsionaram a bolsa de valores desde que o presidente foi eleito estão, agora, ameaçados", disse Gary Shapiro, diretor da Associação de Tecnologia ao Consumidor, cujas afiliadas incluem IBM e Facebook. Algumas empresas do grupo também estão considerando demitir funcionários.
A coalizão inclui ainda o Instituto Americano do Petróleo, que representa gigantes petroleiras como Exxon Mobil e Chevron, assim como a Associação de Fabricantes de Brinquedos, que inclui Mattel, Hasbro e Barnes & Noble.
A iniciativa vem na esteira do lançamento da "Fazendeiros pelo Livre Comércio", campanha para ressaltar os benefícios do livre comércio na agricultura.
PJ/rtr
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