Greves
18 de outubro de 2007O anúncio na França era de uma “quinta-feira negra”. No dia (18/10), o transporte na Grande Paris e os metrôs da cidade funcionaram de forma extremamente reduzida. Entre os cerca de 700 trens rápidos de longa distância (TGV), apenas 46 circularam no dia.
Foi a primeira vez desde 1995 que todos os sindicatos de ferroviários do país se uniram numa luta trabalhista. E não só eles: funcionários dos correios, professores, funcionários públicos e empregados das redes elétrica e de fornecimento de gás também estiveram paralisados.
Postura irredutível
A meta dos sindicatos franceses é se opor à reforma da previdência planejada pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. A disposição dos franceses para as greves aumentou de 30 para 54%, diz Bernard Thibault, presidente da Confederação Geral do Trabalho (CGT). Segundo ele, os sindicatos não estão dispostos a qualquer tipo de negociação, enquanto forem mantidos os critérios para a reforma anunciada por Sarkozy.
O presidente, por sua vez, insiste que alguns pontos-chave da reforma são “inegociáveis”, como por exemplo o prolongamento do período de contribuição à previdência dos atuais 37,5 para 40 anos, além da indexação do valor da aposentadoria ao custo de vida e não aos salários do pessoal na ativa. “Quem vai aceitar uma redução de sua aposentadoria futura da ordem dos 20 a 25%?”, questiona Thibault.
Tempos difíceis para Sarkozy
As paralisações são mais uma prova de fogo para Sarkozy. No último domingo (15/10), seis mil pessoas foram às ruas de Paris protestar contra o acirramento das leis que regulamentam os direitos dos estrangeiros no país, em especial contra a obrigatoriedade da realização de um teste de DNA para parentes de imigrantes que já vivam no país, a fim de provar a ligação familiar em caso de pedido de visto de permanência.
Além de tudo, um comunicado da presidência confirmou, também nesta quinta-feira, a separação do presidente de sua mulher, Cecilia Sarkozy. Um dia antes, a mídia francesa havia anunciado que Cecilia teria entrado com o pedido de divórcio no início da semana. O casal estava junto desde 1996 e tem um filho de dez anos. Esta é a primeira vez que um presidente francês se separa oficialmente de sua esposa enquanto ocupa o cargo.
Paralisações na Alemanha
Na Alemanha, a greve dos maquinistas desta quinta-feira causou atrasos no transporte regional, principalmente no leste do país. Também nos arredores de Berlim, em Hamburgo e Hannover, houve paralisações no tráfego ferroviário. O sindicato da categoria divulgou que os maquinistas se negaram a conduzir os trens já a partir das duas horas da manhã. As propostas da Deutsche Bahn são insuficientes, informam os sindicalistas.
Em função das paralisações, as rodovias do país se mantiveram extremamente cheias ao longo do dia. Os congestionamentos de até 25 quilômetros não puderam ser evitados e causaram transtornos principalmente na região metropolitana de Munique. Na região do Reno e do Ruhr, entre Colônia e Dortmund, todas as rodovias ficaram superlotadas. (sv)