Boicote ao Irã
3 de agosto de 2007Os Estados Unidos pressionaram por longo tempo, mas só em 23 de dezembro de 2006 as Nações Unidas deliberaram, de forma unânime, a imposição de sanções contra o Irã.
Através delas, o mundo foi exortado a não mais fornecer àquele país produtos que pudessem ser usados no processo de enriquecimento de urânio e na construção de foguetes. Mais ainda: seriam congeladas as contas bancárias de 11 iranianos e de empresas do Irã acusados de envolvimento com o programa nuclear de Teerã.
Apesar de ressalvas, Bruxelas, Moscou e Pequim concordaram com as sanções. A Casa Branca, por seu lado, manteve a pressão contra o Irã e defende uma ampliação das sanções, pressionando ostensivamente os governos e, acima de tudo, empresas estrangeiras, a participarem de um boicote total contra Teerã.
Lei de mercado
A mais recente vítima da pressão norte-americana é o Deutsche Bank. A maior instituição financeira alemã anunciou aos seus clientes que irá suspender as atividades no país em setembro próximo.
Em janeiro, outro banco alemão, o Commerzbank, havia encerrado suas transações com o Irã. Os dois principais bancos suíços, USB e Crédit Suisse, já haviam feito isso em 2006.
Os bancos atingidos seguem assim determinações do mercado. Como as transações com o Irã perfazem 0,1% do volume total de negociações do Deutsche Bank, foram priorizados os negócios com os Estados Unidos, muito mais lucrativos.
Alemanha mantém créditos Hermes
Já o governo alemão vem resistindo à pressão dos EUA e não cancelou o seguro estatal Hermes de incentivo às exportações para o Irã. Graças a esta garantia, a Alemanha continua sendo a principal parceira econômica do Irã − com exportações alemãs no montante de mais de 4 bilhões de euros em 2006.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, chegou a sugerir a representantes do setor econômico alemão que reduzissem sua cooperação com Teerã. De maneira geral, no entanto, as exigências norte-americanas são consideradas inaceitáveis.
Washington impôs o boicote econômico ao Irã após a Revolução Islâmica de 1979, mas as empresas norte-americanas o infringem constantemente: seja através de empresas mediadoras no Canadá ou fazendo negócios em Dubai, onde muitas empresas iranianas mantêm filiais.
Concorrência de olho na chance
Tanto representantes do setor econômico alemão como da classe política estão convictos de que as sanções norte-americanas criam em primeira linha desemprego e outros prejuízos, mas não conseguem demover o Irã de sua posição.
Motivo para isso seria a disposição de outros países e empresas estrangeiras – sejam da China, Rússia, Japão ou países menores –de preencher a lacuna deixada por empresas como o Deutsche Bank. Também concorrentes europeus não podem ser descartados, como demonstra o recente e repentino engajamento da França na Líbia.