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Grande ataque russo deixa pelo menos 41 mortos na Ucrânia

29 de dezembro de 2023

Com 158 drones e mísseis, Rússia promoveu na noite de quinta-feira uma das maiores ofensivas aéreas desde o início da guerra contra o país vizinho. Dezenas de mísseis e drones foram interceptados pela defesa ucraniana.

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Um prédio em chamas, um bombeiro tenta apagar o fogo
Kiev sob ataque russo: bombeiros buscam por sobreviventesFoto: Ukrainian Emergency Service/AP/picture alliance

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, informou que Moscou atacou o país com cerca de 158 drones e mísseis durante a noite de quinta-feira (28/12), no que teria sido a maior investida aérea russa desde os dias iniciais da invasão, em fevereiro de 2022, e que teve como alvo a infraestrutura civil, indústria e instalações militares, segundo o exército ucraniano.

Pelo menos 41 pessoas morreram e mais de 160 ficaram feridas, segundo as autoridades ucranianas.

"Hoje a Rússia usou quase todos os tipos de armas de seu arsenal: Kinzhal (mísseis), S-300, mísseis de cruzeiro e drones. Lançaram mísseis X-101 e X-505. Um total de aproximadamente 110 mísseis foram lançados contra a Ucrânia, a maioria dos quais foi abatida", escreveu Zelenski no X (ex-Twitter).

As defesas aéreas da Ucrânia derrubaram 27 drones e 87 mísseis, escreveu o chefe do exército ucraniano no aplicativo de mensagens Telegram.

Entre a infraestrutura danificada pelos ataques, Zelenski citou uma maternidade, escolas, um shopping center, blocos de apartamentos, um armazém comercial e um estacionamento.

Soldados ucranianos instalam uma cerca de arame farpado
Na região de Kharkiv, soldados ucranianos instalam arame farpado como parte da defesaFoto: Viacheslav Ratynskyi/REUTERS

Na lista de cidades atacadas estavam a capital Kiev, Lviv (oeste), Odessa (sul), Dnipro (centro), Zaporíjia (sul) e Kharkiv (nordeste). "Infelizmente, houve mortos e feridos como resultado dos ataques. Todos os serviços estão trabalhando incansavelmente e fornecendo a assistência necessária", acrescentou o presidente ucraniano, que prometeu uma resposta aos "ataques terroristas”.

"Continuaremos a lutar pela segurança de todo o nosso país, de cada cidade e de cada cidadão. O terror russo deve e vai perder", concluiu Zelenski.

Número de mortos e feridos

O ministro do Interior da Ucrânia, Igor Klimenko, informou detalhes sobre o número de mortos. Ao menos cinco deles foram registrados na região de Dnipropetrovsk (centro), onde o inimigo russo atacou um shopping center, disse o ministro no Telegram.

"A maternidade também foi atacada. Os serviços de emergência resgataram quatro pacientes", acrescentou.

Em Kiev, onde infraestrutura civil de vários tipos foi danificada, pelo menos dois civis foram mortos e 18 ficaram feridos, enquanto em Lviv (oeste) ao menos uma pessoa foi morta e nove ficaram feridas.

Klimenko também falou de pelo menos dois mortos em Zaporíjia (sul) e Kharkiv (nordeste), enquanto em Odessa ao menos dois corpos foram recuperados. As autoridades estimam que ainda possa haver mais pessoas sob os escombros.

Denúncias da ONU

A enviada humanitária da ONU para a Ucrânia denunciou nesta sexta-feira a última onda de ataques russos. "Para o povo ucraniano, este é outro exemplo inaceitável da realidade horrível que eles enfrentam e que fez de 2023 outro ano de enorme sofrimento", disse Denise Brown em redes sociais.

A cidade de Kiev com nuvens negras dos bombardeios
Rússia fez ofensiva aérea com mais de 158 mísseis e dronesFoto: GLEB GARANICH/REUTERS

O assessor presidencial da Ucrânia, Andriy Yermak, declarou que Kiev precisa de "mais apoio e força para acabar com o terror". "Mísseis estão caindo em nossas cidades novamente e civis estão sendo alvos", escreveu.

Na quinta-feira, Zelenski agradeceu aos Estados Unidos por liberar o último pacote de armas do acordo existente, já que entre as incertezas enfrentadas pelo presidente está a continuidade do apoio para o país devastado pela guerra. Ele acrescentou que qualquer mudança na política dos EUA, o principal apoiador de Kiev, pode ter um forte impacto no curso do conflito.

Polônia diz que teve espaço aéreo invadido 

A Polônia afirmou que seu espaço aéreo foi invadido na manhã desta sexta-feira por um míssil russo vindo da Ucrânia. O objeto não identificado teria avançado por 40 km antes de se retirar em menos de três minutos.

"Tudo indica que um míssil russo invadiu o espaço aéreo da Polônia", declarou o chefe das Forças Armadas polonesas, general Wieslaw Kukula. "Temos confirmação disso nos radares e por parte de nossos aliados [na Otan]."

Segundo Kukula, medidas estavam sendo tomadas para verificar as informações e descartar a possibilidade de um erro técnico. A Rússia não comentou o caso.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, escreveu no Twitter que tratou do assunto com o presidente polonês e que a aliança estava monitorando a situação à medida em que os fatos vão sendo esclarecidos – a fronteira da Polônia com a Ucrânia é também a fronteira da União Europeia e da Otan.

O conselheiro de segurança da Casa Branca, Jake Sulivan, ofereceu assistência técnica ao país e assegurou que o caso estava sendo acompanhado de perto pelo presidente americano Joe Biden.

Não é a primeira vez que a Polônia tem seu espaço aéreo invadido desde o início da guerra na Ucrânia. Em novembro de 2022, dois homens foram mortos por um míssil que atingiu o vilarejo de Przewodow, a poucos quilômetros da fronteira, no que oficiais do Ocidente acreditam ter sido uma falha ucraniana.

lr/bl/ra/le (EFE, Reuters, AFP, AP)

Ucrânia caminha para guerra longa