Governos querem limitar riscos oferecidos pelos bancos à economia
20 de novembro de 2012Os dez maiores bancos do mundo são responsáveis por 40% da atividade econômica mundial. Os ativos do Deutsche Bank no ano passado, por exemplo, representaram 84% do PIB alemão. E apenas um quinto desse dinheiro foi proveniente de atividades tradicionais de crédito. A maior parte vem de bancos de investimento, o que incluei apostas de risco nos mercados financeiros.
Os negócios entre essas instituições ocorre de modo bastante inseguro. Mesmo que um banco faça um empréstimo ou se envolva em determinados negócios por conta própria ou em nome de seus clientes, ele não é o dono do dinheiro que usa. Os recursos quase sempre vêm outras instituições financeiras. O capital próprio do Deutsche Bank foi, por muito tempo, em torno de 2% do total. Em outras palavras, se 2% dos negócios tivesse dado errado, haveria um grande risco de falência.
Bancos de alto risco
Se isso tivesse ocorrido, as consequências para a economia alemã e global seriam imprevisíveis. Junto com os bancos americanos Citigroup, JP Morgan Chase e o inglês HSBC, o Deutsche Bank é considerado uma instituição de alto risco.
Esses bancos deverão aumentar sua cota de capital próprio para 9,5% até 2019, o que representa 2,5 pontos percentuais acima do estabelecido pelo pacote de reformas do sistema bancário internacional, chamado de Basileia III.
Isso não seria o bastante, diz o professor da Universidade de Oxford Clemens Fuest à DW. "Na minha opinião deveria-se ir além do previsto no Basileia III. É o que a Suíça faz."
Os dois grandes bancos suíços, UBS e Credit Suisse deverão aumentar até 2019 seu capital para 19%. Em vez de sofrerem desvantagens competitivas, esses bancos poderão se refinanciar com menores custos, devido ao seu status de devedores seguros.
O mesmo status também é conferido a bancos considerados “too big to fail”, ou seja, grandes demais par falir. Essa filosofia levou muitos governos no mundo inteiro a gastarem 10 trilhões de euros para salvar o setor bancário – e a economia global – de um colapso em 2009. O valor corresponde a 1.500 euros para cada habitante do planeta.
Dois pesos, duas medidas
O princípio da economia de mercado, segundo o qual cada empresa é responsável por seus riscos, não vale para os bancos. O especialista em finanças Max Otte descreve esse fenômeno como “socialismo para os bancos e os muito ricos”, no qual os lucros são privados e as perdas, compartilhadas pelos cidadãos comuns.
Johann Eekhoff, diretor do Instituto de Economia Política da Universidade de Colônia, defende que o movimento deveria ser na direção contrária.”Já que os grandes bancos precisam ser resgatados, então deveriam ser criadas unidades menores, até a divisão dos bancos, para evitar que os governos sejam pressionados.”
A Comissão Europeia propôs uma reestruturação do setor bancário. Um grupo de especialistas sugere que as operações de risco deveriam ser separadas dos negócios normais de crédito e financiadas de modo independente.
Para o economista Clemens Fuest, essa atitudo por si só não seria suficiente. "Se os bancos normais de investimento emprestarem muito dinheiro aos bancos de investimento e estes vierem a passar por uma crise, irão acabar levando consigo os bancos comuns", declarou Fuest à DW, acrescentando que "a separação pura e simples poderá resultar em falências".
E é exatamente isso que o Insituto Federal de Supervisão Financeira da Alemanha, o BaFin, planeja. O Deutsche Bank deverá entregar um planejamento até o final do ano, descrevendo como lidar com situações de emergência. Outras instituições terão prazo até o fim de 2013. O objetivo é fazer com que os riscos dos bancos sejam transparentes, diminuindo os custos para os contribuintes caso algo dê errado.
Autor: Danhong Zhang (rc)
Revisão: Francis França