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Governo turco afasta dezenas de prefeitos

11 de setembro de 2016

Turquia destitui 28 políticos sob a alegação de ligações com militantes curdos ou com o clérigo exilado Fethullah Gülen. Eles são substituídos por administradores nomeados por Ancara. Partido pró-curdos fala em "golpe".

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Polícia turca prende mulherdurante protestos em Diyarbakir, no sudeste da TurquiaFoto: Getty Images/AFP/I. Akengin

A Turquia afastou 28 prefeitos, neste domingo (11/09), sob a alegação de supostos laços com militantes curdos ou com o clérigo exilado nos EUA Fethullah Gülen.Todos foram substituídos por simpatizantes do governo turco. A repressão faz parte da operação travada pelo presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, contra oposicionistas em decorrência ao fracassado golpe de Estado em julho.

Os prefeitos foram suspensos de seus cargos por suspeita de ligações com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está executando uma insurgência sangrenta no sudeste do país, ou com Gülen, que é responsabilizado pelo golpe fracassado de 15 de julho, declarou o Ministério do Interior da Turquia.

Segundo Ancara, 24 prefeitos são acusados de ligações ao PKK, que é o terceiro maior grupo partidário no Parlamento turco, e os outros quatro por associações ao clérigo. Eles foram substituídos por administradores nomeados pelo Estado, semelhante à forma como administradores são escolhidos para dirigir uma empresa que foi à falência.

A destituição em massa é a então mais importante medida tomada pelo novo ministro do Interior, Suleyman Soylu, que sucedeu Efkan Ala na chefia da pasta em meio a uma remodelação inesperada no começo do mês. Soylu disse que a medida fez com que os municípios deixassem de ser controlados por "terroristas ou aqueles sob instruções de Qandil", referindo-se à base do PKK na região montanhosa no norte do Iraque.

Partido pró-curdo classifica remodelação de "golpe"

Os titulares tinham sido eleitos em eleições locais em 2014. Os municípios afetados – majoritariamente no sudeste dominado por curdos – incluem áreas urbanas extremamente importantes e conhecidas como centros de atividade do PKK como Sur e Silvan, na região de Diyarbakir, e Nusaybin, na região de Mardin. O Ministério do Interior comunicou ainda que 12 dos prefeitos suspensos já foram presos.

O pró-curdo Partido Democrático dos Povos (HDP), cujos políticos regionais também estão entre os alvos da repressão, denunciou a remodelação política como um "golpe". Em comunicado, o partido disse que a medida lembra o golpe militar de 1980 e "ignorou a vontade dos eleitores". A internet deixou de funcionar em 15 províncias do sudeste turco.

Mas o ministro da Justiça da Turquia, Bekir Bozdag, negou que as autoridades do país tenham usurpado a democracia, acusando os prefeitos suspensos de canalizar receitar para grupos "terroristas".

"Ser eleito não concede o direito de cometer um crime", escreveu Bozdag em sua conta no Twitter. "Nenhum Estado democrático pode ou vai permitir que prefeitos e parlamentares forneçam recursos municipais para financiar organizações terroristas."

Estados Unidos mostram preocupação

A embaixada dos EUA em Ancara comunicou, neste domingo, estar preocupada com relatos de confrontos no sudeste turco, depois da decisão do governo turco de suspender prefeitos. A embaixada afirmou que apoia o direito da Turquia de se defender do terrorismo, mas apontou a importância do respeito ao processo devido e ao direito de protesto pacífico.

"Esperamos que qualquer nomeação de curadores seja temporária e que, em breve, seja permitido aos cidadãos locais escolher novos representantes de acordo com a lei turca", disse o comunicado americano.

PV/rtr/ap/efe