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Geração bolinha

Marion Andrea Strüssmann8 de julho de 2003

Uma em cada cinco crianças alemãs é gorda. A ministra da Defesa do Consumidor, Renate Künast, iniciou uma campanha para reverter esta realidade no país.

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Um visual nada saudávelFoto: BilderBox

Foi-se o tempo em que os norte-americanos carregavam sozinhos a imagem de um povo gordo apaixonado por sanduíches e muita maionese. Se observarmos com olhos críticos a população alemã, é fácil perceber que o problema da obesidade no país é uma realidade, especialmente na faixa etária mais nova.

"É cada vez maior o número de crianças acima do peso normal", frisou o especialista em alimentação da Universidade de Ulm, Martin Wabitsch, revelando ainda que não existem dados concretos, apenas estimativas sobre a porcentagem de obesos no país. Recentemente, o governo alemão encomendou uma análise sobre o estado de saúde dos baixinhos e adolescentes, que ficará pronta só daqui a três anos. Mesmo assim, é fácil concluir que "de forma geral, nossas crianças engordam cada vez mais e os gordinhos ficam ainda mais gordos".

Bundesministerin Renate Künast auf Biofach Messe
Ministra Renate KünastFoto: AP

Os cálculos indicam que uma em cada cinco crianças e um em cada três adolescentes estão acima do peso e entre sete a oito por cento sofre de excesso de peso. "Na quarta-feira à tarde as crianças já ingeriram toda a gordura e o açúcar necessários para uma semana", disse a ministra da Defesa do Consumidor, Renate Künast, que nesta terça-feira (08/07) deu início a uma campanha nacional de fomento à educação alimentar e de prevenção à obesidade das crianças e adolescentes.

Além do congresso de abertura que acontece em Berlim, a campanha prevê um trabalho a longo prazo em conjunto com os pais, professores, educadores, escolas e associações, com ênfase nos baixinhos gordos, para que aprendam a comer menos e melhor. O governo também buscará o apoio da indústria alimentícia e das agências de propaganda.

Obesidade é doença

A Organização Mundial de Saúde considera a obesidade "uma epidemia do século 21", constatando que hoje o número de gordos é quase o mesmo que o de subnutridos no planeta. No Brasil, por exemplo, quase 40% da população está acima do peso, de acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade.

Kinder vor dem Fernseher
Crianças vendo TVFoto: dpa

Tratar a obesidade como doença não é nenhum exagero: quem tem peso acima da média está propenso a ter pressão alta, enfarte e diabete, só para citar alguns exemplos. E tais enfermidades não distinguem faixa etária. De acordo com um estudo do hospital Charité, de Berlim, é crescente o número de crianças que contrai diabetes do tipo 2, até poucos anos atrás comum apenas entre os idosos.

Nova postura

"Se não interrompermos este processo, nosso sistema de saúde vai implodir", alertou a ministra Künast. Uma das estratégias do governo alemão para mudar este quadro é incutir nas crianças a importância de uma boa alimentação e de uma vida mais saudável. O Ministério da Defesa do Consumidor irá distribuir nas escolas e creches material de apoio, como jogos e livros de culinária.

Kinder vor Computer
Crianças na frente do computadorFoto: Bilderbox

Só isso, entretanto, não basta. Os baixinhos estão sedentários. Eles passam muitas horas na frente da TV e do computador, o que contribui para que fiquem ainda mais rechonchudinhos. A prática de exercícios e um tempo maior ao ar livre são essenciais na luta contra a obesidade infantil.

Participação ativa

De nada adianta querer que o baixinho fique em forma e perca peso sem a participação ativa dos mais próximos, especialmente dos pais. Nenhuma criança vai mudar seus hábitos alimentares sem um exemplo. Não adianta apenas proibir doce e batatinhas fritas ou inventar uma dieta rigorosa. É preciso agir junto, mudando a alimentação aos poucos, cuidando para que as refeições sejam regulares e em hora certa.

Zwei Kinder mit löffelreinen Joghurtbechern
Crianças comendo iogurteFoto: Duales System Deutschland AG

Em vez de simplesmente restringir a TV e o computador, é mais eficaz, por exemplo, propiciar ao baixinho um programa diferente ao ar livre, estimulá-lo a evitar o elevador e as escadas rolantes e, se possível, ir a pé ou de bicicleta para a escola. Essas dicas são benéficas não apenas para as crianças, mas também para toda a família. Abaixo a gordura!!