Gazprom ameaça cortar gás caso Europa imponha teto de preços
16 de outubro de 2022A tentativa de impor um teto aos preços do gás russo na Europa significará o corte de fornecimentos, advertiu neste domingo (16/10) o diretor executivo da estatal Gazprom, Alexey Miller, à emissora de TV pública russa. "Nós nos pautamos pelos contratos firmados. Uma decisão unilateral como essa é uma violação das atuais condições do contrato que implica a cessação do fornecimento."
Entre as últimas sanções impostas pela UE à Rússia está o compromisso de impor um limite global ao preço do petróleo e seus derivados, de forma que as companhias marítimas europeias só poderão transportá-lo da Rússia para países terceiros se for vendido a um preço igual ou inferior ao estabelecido.
Miller lembrou que a suspensão do fornecimento, em reação à imposição de tetos de preços aos combustveis fósseis russos, está prevista num decreto presidencial assinado em março pelo presidente Vladimir Putin.
O próprio chefe de Estado russo advertiu em várias ocasiões que qualquer tentativa de limitar os preços do petróleo e do gás russos resultaria em a Rússia parar de exportar esses itens, e pediu à UE que "não viole as leis de oferta e da procura que regem o comércio internacional".
O teto do petróleo não será um valor fixo, mas uma variável que coloca o preço do petróleo bruto russo abaixo do vigente no mercado global, reduzindo assim a receita que o país obtém com a venda de combustíveis fósseis, e com que financia a guerra de agressão contra a Ucrânia.
Esse mecanismo para punir a Rússia foi um dos temas discutidos na reunião informal da sexta-feira entre a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, e os ministros do Eurogrupo. Também abordade foi a necessidade de acelerar a assistência econômica à Ucrânia.
Setor de energia ucraniano estável apesar de ataques russos
A Ucrânia mantém sua "estabilidade energética" apesar dos sucessivos ataques russos contra as infraestruturas críticas do país nos últimos dias, afirmou neste domingo o primeiro-ministro do país, Denys Shmyhal.
"O agressor tenta intimidar os cidadãos e paralisar o setor de energia do nosso país, em particular da capital. Mas a Ucrânia está pronta para lidar com essa situação", escreveu Shmyhal no Facebook.
Segundo o chefe de governo, nos últimos dias "foram mobilizados esforços" para reparar os danos causados pelos ataques e restabelecer o fornecimento de energia elétrica a cerca de 4 mil habitações afetadas pelos ataques.
O início da segunda semana de outubro foi marcado por sucessivos ataques russos, com mísseis, artilharia e drones de fabricação iraniana, contra alvos civis na região de Kiev e em outras áreas do centro e oeste do país.
O objetivo prioritário dos ataques russos foram as instalações críticas para o abastecimento de energia do país, que ficou paralisado durante horas em algumas localidades, como Lviv, no oeste ucraniano, embora o fornecimento tenha sido restabelecido nos dias seguintes.
Apesar de o serviço ter sido normalizado, Shmyhal alertou para a necessidade de poupar e evitar o consumo excessivo de eletricidade de manhã à tarde. Os ataques na região de Kiev foram os primeiros em meses, e forçaram a ativação de alarmes antiaéreos sobre a capital durante vários dias.
av (EFE;Lusa)