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G8 produz frases ocas

Geraldo Hoffmann7 de junho de 2007

Em entrevista à DW-WORLD, o cientista político Jürgen Turek, da Universidade de Munique, descarta um fracasso total da cúpula do G8, mas também não espera muito mais do que declarações vagas sobre os temas do encontro.

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Críticos da globalização bloqueiam estrada de acesso a HeiligendammFoto: picture-alliance/dpa

Clima tenso em Heiligendamm: protegidos por uma cerca que lembra o Muro de Berlim, mas sem esconder suas divergências, os chefes de Estado e de governo dos países do G8 discutem temas como a proteção do clima, o escudo antimísseis planejado pelos EUA na Europa, a pobreza na África, os conflitos armados em várias regiões do globo e novas regras para a economia mundial. Do lado de fora, milhares de pessoas protestam contra uma globalização que consideram injusta. DW-WORLD conversou com o cientista político Jürgen Turek sobre os possíveis resultados do encontro.

DW-WORLD: Quais são resultados concretos que o senhor espera da cúpula do G8?

Jürgen Turek: Eu espero aqui muitas declarações no sentido das exigências de regulamentação da globalização. Mas nesse encontro não será possível firmar acordos que tenham força de lei. Os interesses dos países participantes são em parte bastante divergentes.

A cúpula de Heiligendamm vai fracassar?

Eu descarto um fracasso como o que ocorreu em Seattle [EUA, em 1999]. Naquela vez, foi um encontro da OMC (Organização Mundial do Comércio) e o fracasso decorreu mais do fato de que os enviados da OMC não chegaram a um acordo. A cúpula do G8 é uma outra forma de entendimento internacional. Caso não se chegue a uma posição comum em determinadas áreas em Heiligendamm, sempre há a possibilidade de, por meio de frases ocas, entrar artisticamente para os livros de História.

Os críticos da globalização deveriam ter sido convidados para o encontro?

Não, esse não é o sentido dos encontros de cúpula. Aqui devem ser discutidas diretrizes de atuação política internacional. Mas isso não significa excluir ou não levar a sério a crítica à globalização. No entanto, ela não cabe aqui e é eficientemente encenada em outro lugar pela organização de eventos antiglobalização, como o Fórum Social Mundial. Política e crítica encontram-se então através dos meios de comunicação ou dos tribunais num outro espaço, em que uma não pode ignorar a outra.

O Brasil, a China, a Índia, a África do Sul e o México participam do encontro de Heiligendamm como "convidados". O G8 deveria ser ampliado para um G13?

Jürgen Turek
Jürgen TurekFoto: Turek

Deveria-se pensar nisso. O critério inicial para ser membro desse clube era a força econômica e a influência dela resultante. Mas hoje são abordadas questões que não se restringem apenas a esse grupo seleto. Desta vez, por exemplo, estão em pauta a proteção do clima e a segurança energética. E seria mais do que coerente, no futuro, reservar um lugar no barco também para países como a China ou a Índia, como grandes consumidores mundiais de energia e emitentes de gases do efeito estufa. Por outro lado, deve-se ver também que esses Estados já têm no G20 um fórum em que podem abordar problemas conjuntamente.

Quanto tempo ainda levará até que esses países emergentes integrem o clube das potências econômicas?

Isso não pode ser definido em meses ou anos. Mais importante é o que uma integração constante realmente traz. As cúpulas são encontros informais, sem caráter mandatário, o que em função da soberania dos Estados nacionais não pode ser diferente. Mesmo assim, eles elaboram declarações de intenções, que podem servir de referência mais tarde. Nesse sentido, seria razoável uma inclusão dos países mencionados, visto que cada vez mais se trata de questões controversas relacionadas a eles.

Na sexta-feira (08/06) haverá uma declaração final da cúpula do G8. O que o senhor diz de tais declarações?

Essas declarações finais são essencialmente cartas de intenções e uma possibilidade para esses Estados pelo menos se posicionarem em relação a assuntos importantes e, na melhor das hipóteses, até cumprir promessas feitas. Elas são, principalmente, um barômetro e oferecem uma orientação. As advertências ao Irã são um exemplo disso. Trata-se de um instrumento de comunicação para mostrar o que se considera importante e o que se pensa fazer.

Jürgen Turek, 47, é diretor-executivo e coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Questões do Futuro do Centro de Pesquisa Política Aplicada da Universidade de Munique. Ele escreveu, entre outras obras, três livros sobre a competitividade e a transformação social na Europa.