G7 concorda em impor teto ao preço do petróleo russo
2 de setembro de 2022Os ministros das Finanças do G7 reiteraram nesta sexta-feira (02/09) a intenção de reunir o apoio necessário para impor um teto ao preço do petróleo russo. O anúncio foi feito em uma cúpula em Elmau, na Alemanha, país que exerce atualmente a presidência rotativa do grupo.
"Procuramos uma ampla coligação para maximizar a efetividade [da medida]", diz o documento publicado pelo Ministério das Finanças alemão, anfitrião do evento.
O objetivo é "reduzir as receitas russas provenientes da venda de petróleo", uma importante fonte de financiamento da guerra na Ucrânia e, ao mesmo tempo, reduzir a subida dos preços da energia a nível mundial.
O preço máximo deverá ser determinado pela coligação de países que apoiem a medida antes da sua implementação, dizem os membros do G7, que inclui Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Reino Unido, Japão e Alemanha.
O grupo planeja "alinhar a implementação com o cronograma de medidas relacionadas dentro do sexto pacote de sanções da UE".
"A Rússia está se beneficiando economicamente das incertezas ligadas à guerra nos mercados de energia", disse o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, após a reunião.
O G7 também reiterou sua solidariedade à Ucrânia e condenou a agressão russa, destacando que "os custos econômicos da guerra e os consequentes aumentos de preços são sentidos desproporcionalmente por grupos vulneráveis de todas as economias e particularmente dos países que enfrentam insegurança alimentar e desafios orçamentais".
Golpe para as finanças russas
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, afirmou em comunicado que o acordo ajudará a dar um grande golpe nas finanças da Rússia e prejudicará sua capacidade na Ucrânia. Segundo ela, o teto de preço ajuda "nossos objetivos duplos de pressionar os preços globais de energia e negar a receita de [Vladimir Putin] para financiar sua guerra brutal na Ucrânia".
Em junho, em outra cúpula em Elmau, os ministros do G7 concordaram em considerar medidas que barrariam as importações de petróleo russo acima de um certo nível. O Tesouro dos EUA expressou preocupações de que uma proibição total da UE ao petróleo russo faria o preço disparar e poderia haver uma disputa por suprimentos alternativos. Por outro lado, um teto de preço ajudaria a manter o petróleo russo fluindo.
Os EUA, pouco dependentes, proibiram a importação de petróleo russo, enquanto a União Europeia (UE), bem mais dependente, proibiu 90% das importações marítimas de petróleo russo, embora isso não entre em vigor até o final do ano.
Rússia ameaça
Também nesta sexta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs fixar um preço máximo para o gás russo e reiterou a ideia de dissociar o preço da eletricidade do preço do gás.
"Acredito firmemente que chegou o momento de estabelecer um preço máximo para o gás exportado para a Europa através de gasodutos russos", disse Von der Leyen.
A Rússia mostrou resistência e fez ameaças. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os países que apoiam tal iniciativa deixarão de receber petróleo russo.
"Simplesmente não vamos cooperar com eles com base em princípios que são estranhos ao mercado", disse.
O vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país, Dmitry Medvedev, disse que "não haverá gás russo" na Europa se os países da UE colocarem um teto no preço do combustível.
"O mesmo acontecerá com o petróleo, simplesmente não haverá gás russo na Europa", escreveu no Telegram.
Medvedev havia previsto anteriormente um preço de 5 mil euros por mil metros cúbicos de gás até o final do ano.
"Devido ao aumento dos preços do gás para 3,5 mil euros por mil metros cúbicos, sou obrigado a rever para cima o custo previsto para 5 mil euros até o final de 2022", disse.
Por conta do aumento dos preços, mesmo com a redução atual no fornecimento russo à União Europeia, o Estado russo pode faturar 20 bilhões de dólares em um trimestre com as exportações de gás, segundo cálculos de especialistas.
le (Lusa, Efe, AFP, AP, DPA, Reuters)