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Futuro da ufologia divide a Europa

Mareike Aden (rw)14 de outubro de 2005

Primeiro encontro entre cientistas e aficionados em ovniologia na França. Leste Europeu ainda fascinado com enigmas em campos de cereais, enquanto movimento ufologista alemão perde força.

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Ufo em Omsk. Na realidade, é o lançamento de um fogueteFoto: CENAP-Archiv

O encontro iniciado nesta sexta-feira (14/10) em Chalons, na França, é considerado o primeiro congresso europeu que reúne ao mesmo tempo cientistas e aficionados, cujo lazer é a pesquisa de fenômenos celestes. A pauta do encontro abrange várias áreas de interesse: desde o espanhol que vai discorrer sobre a política do ministério espanhol da Defesa em relação aos objetos voadores não identificados até o piloto francês que fará uma apresentação sobre "experiências e realidades especiais" sobre óvnis.

Não falta nem o mito sobre os discos voadores nazistas e suas supostas armas mirabolantes. "O ponto alto da conferência será a palestra de Budd Hopkins", ressalta Jürgen Bayer, da revista online Paranews, co-organizadora alemã do evento. O tema enfocado por Hopkins, autor norte-americano e ufologista veterano, será "Problemas dos Seqüestro por Alienígenas".

UFO-Forscher Werner Walter
Werner Walter em sua central de notificação de ufos, em MannheimFoto: Werner Walter

Mas nem todo ufo é coisa de extraterrestre. "Óvni significa 'objeto voador não identificado', e não 'pires voador'. Todos os fenômenos desconhecidos e sem explicação no céu são ufos", diz o pesquisador Werner Walter, fundador da Rede Central de Pesquisas de Fenômenos Celestes Extraordinários (Cenap), de Mannheim. O Cenap também está representado na exposição sobre Ovniologia, que acontece paralelamente ao congresso.

Werner Walter, no entanto, confessa que não está nada contente com o acontecimento: "Isto aqui é um evento para aficionados em ufos. E não para ufólogos sérios".

Da convicção ao ceticismo

Depois de Walter ter dedicado 30 anos à pesquisa dos objetos voadores não identificados e sempre ter encontrado explicações racionais "muito rapidamente", ele se tornou um cético, que é como os ufologistas definem quem tem explicações lógicas para os fenômenos: os extraterrestres ou óvnis seriam, na realidade, ilusões ópticas, relâmpagos, meteoritos, foguetes, etc. Para os ovniólogos, não passam de desmancha-prazeres.

Ufo in Australien
Óvni na Austrália. apenas um pássaroFoto: CENAP-Archiv

Na realidade, há três tipos de pessoas ligadas à ufologia: além dos céticos – que têm explicações racionais para os fenômenos – e dos que acreditam neles piamente, há ainda os cientistas, muitos dos quais pesquisam voluntariamente em diversos institutos alemães.

"Os céticos e os crédulos têm perfis completamente opostos", destaca Peter Hattwig, da Sociedade Alemã de Pesquisas Ufologistas (Degufo). Desde que em 1993 ele viu quatro objetos voadores não identificados sobre a cidade de Braunschweig, acredita em ufos, "mesmo que haja pessoas que me consideram um maluco".

Moda dos ufos em baixa na Alemanha

Tanto Walter como Hattwig são da opinião que o grande boom dos ufos na Alemanha está acabando. Prova disso é que a única central telefônica no país para a notificação de fenômenos incomuns é acionada cada vez menos. Há dez anos, havia seções de ufologia nas livrarias; hoje, as obras sobre ovniologia foram banidas para as prateleiras sobre esoterismo, acrescenta Walter.

O cético Werner Walter admite "um pouco de culpa" pelo ocaso da ufologia na Alemanha, que teve seus tempos áureos há 20, 30 anos. "Acho que esclareci muitos fenômenos", reconhece. Segundo ele, o sensacionalismo sobre extraterrestres provocou muitas expectativas, que acabaram não se confirmando. "Muitos acreditavam que no ano 2000 se poderiam ver alienígenas e suas naves em museus."

Alemanha, país de céticos

UFO in Kiel
Objetos no céu de Kiel são reflexos das luminárias da ruaFoto: CENAP-Archiv

Peter Hettwig vê outras razões. "Já se falou e se escreveu tudo sobre ufologia". Além disso, segundo ele, poucos países têm tantos céticos quanto a Alemanha. Já no México, Itália, França e naturalmente nos Estados Unidos há uma fascinação maior pelo tema, ressalta Jürgen Bayer, da revista Paranews.

Por outro lado, alguns países do Leste da Europa agora estão vivendo um boom nesta área. "Na Polônia, estudam-se os desenhos enigmáticos nos campos de cereais, o que os britânicos já fizeram 20 anos atrás, e os alemãs, há 10", afirma Walter.

A comercialização do tema chega ao Leste Europeu. "A ufologia hoje é praticamente só comércio", lamenta o pesquisador da Cenap. Basta uma olhada na lista de patrocinadores do encontro em Chalons para confirmar isso.

Entre as firmas mais conhecidas estão a France Telekom e a Peugeot. "De onde vem este interesse repentino?", questiona Walter, que conclui: "Será que a Peugeot quer lançar em breve um novo modelo de ufo?"