Pacotes
4 de dezembro de 2008Como resposta à crise, o governo francês apresentou um pacote econômico no valor de 26 bilhões de euros. Principalmente a indústria automobilística e o setor de construção civil deverão receber auxílio financeiro do Estado nos próximos dois anos. Diante da crise, "investimentos sólidos" são a melhor forma de reaquecer a conjuntura e manter postos de emprego, afirmou o presidente Nicolas Sarkozy nesta quinta-feira (04/12) em Douai, no norte do país.
Indústria automobilística e construção civil
O Estado francês pretende, entre outros, aumentar para mil euros o incentivo concedido a todos os que optarem por um modelo de carro novo que polua menos o ambiente. Além disso, o governo pretende criar uma linha de crédito especial no valor de um bilhão de euros, destinada a empréstimos para a compra de veículos. "O Estado está disposto a fazer de tudo para salvar a indústria automobilística", disse Sarkozy. Esta, por sua vez, terá que garantir que não vai remanejar mais a produção para o exterior.
O setor da construção civil deverá receber impulsos através da ampliação de empréstimos sem juros para a compra de imóveis. Sarkozy anunciou ainda a construção, no país, de 70 mil habitações populares.
A médio prazo, o governo pretende investir mais na infra-estrutura pública (transporte ferroviário, correios, energia). Os investimentos, que já estavam previstos, deverão ser antecipados para o ano de 2009, esclareceu Sarkozy. Embora a redução de impostos não esteja prevista no país, o Estado pretende presentear a população de baixa renda com um cheque de 200 euros, a fim de impulsionar o consumo.
Ambicioso, ousado e cheio de imaginação
A atual crise, segundo Sarkozy, não é "uma crise conjuntural qualquer", cujos rastros poderiam ser apagados facilmente, mas muito mais uma crise estrutural, que irá "modificar a economia, a sociedade e a política a longo prazo". Para o presidente francês, o mundo será outro após a crise.
"Precisamos ser ambiciosos, ousados e cheios de imaginação", concluiu Sarkozy. O volume do pacote corresponde a 1,3% do PIB francês. A França se mantém, desta forma, abaixo do limite estabelecido pela União Européia para os países do bloco, que é de um máximo de 1,5% do PIB para o reaquecimento da conjuntura.
Posição da Alemanha
Na Alemanha, continuam sendo debatidas possíveis medidas de combate à recessão. Guido Westerwelle, líder da facção liberal no Parlamento, acusa a chanceler federal Angela Merkel de se isolar na Europa em função de uma moderação excessiva em relação à redução de impostos. Segundo declarações de Westerwelle em debate de preparação do encontro de cúpula da União Européia, que acontece na próxima semana, outros países europeus não recusam com tanta veemência reduzir impostos como faz Merkel.
Jürgen Trittin, líder da facção verde no Parlamento, reclama do governo medidas de apoio à população de baixa renda, a fim de fortalecer o poder de compra daqueles que têm menos recursos. Pouco antes, Merkel havia recusado, em sua declaração oficial relativa ao Conselho da UE, a aprovação de novos pacotes por parte do governo alemão.
"Não vamos participar de uma corrida de distribução de bilhões de euros só para dar a impressão de que estamos fazendo alguma coisa", declarou a premiê alemã. Merkel se refere ao pacote aprovado nesta quinta-feira pelo Parlamento e que deve gerar 50 bilhões de euros nos próximos dois anos e assegurar um milhão de empregos. "Fazemos, desta forma, parte dos países que lideram as reações à crise econômica na Europa", completou a premiê.
Redução drástica de juros
Diante da recessão em vários países da União Européia, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma redução da taxa de juro-guia na zona do euro para 2,5%. Segundo Jean-Claude Trichet, presidente do BCE, a redução drástica de 0,75 ponto percentual – a maior desde a criação do banco há dez anos – é um passo necessário para vencer o marasmo econômico.
O BCE espera para o próximo ano um recuo da conjuntura na zona do euro em torno de 0,5%. Uma recuparação da economia só é esperada para o início de 2010. A decisão facilita empréstimos para empresas e consumidores, caso os bancos repassem realmente a redução de juros para seus clientes. Os bancos centrais do Reino Unido, Suécia e Dinamarca também reduziram drasticamente os juros.