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PolíticaFrança

Franceses marcham em massa contra avanço da extrema direita

15 de junho de 2024

País se encaminha para eleições parlamentares antecipadas. Dianteira nas enquetes é da RN de Le Pen. Esquerda se une em aliança Nova Frente Popular, superando divergências sobre guerras na Ucrânia e em Gaza.

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Mulher ergue cartaz contra o partido RN em meio a uma multidão
Capital Paris foi uma das cidades onde as pessoas saíram às ruas para protestarFoto: Michel Euler/AP/dpa/picture alliance

Centenas de milhares de cidadãos marcharam neste sábado (15/06) contra a extrema-direita em várias cidades da França. Além de grupamentos políticos, sindicatos, ativistas antirracistas e associações da sociedade civil participaram dos atos.

Cálculos preliminares prediziam uma participação entre 300 mil e 500 mil, mas a polícia estimou em 250 mil o total de manifestantes. Foram mobilizados cerca de 21 mil policiais e guardas nacionais. Ao todo, estão previstas cerca de 200 passeatas no país, ao longo do fim de semana.

Além de ter vencido no país as recentes eleições para o Parlamento Europeu, o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, é projetado como vencedor das legislativas antecipadas, convocadas pelo presidente Emmanuel Macron para 30 de junho e 7 de julho.

Atualmente liderada por Jordan Bardella, a sigla populista de direita mantém a presença de Le Pen. No pleito europeu do primeiro fim de semana de junho, ela venceu com 31,5% dos votos, enquanto a aliança centrista encabeçada pelo partido de Macron, Renascimento (RE), ficou com 15,2%.

Nova Frente Popular contra Le Pen

Numa tentativa de travar a extrema direita, os principais partidos de esquerda – desde a mais radical França Insubmissa (LFI) aos socialistas, passando por Os Ecologistas (EELV) – se uniram na "Nova Frente Popular".

Entre os candidatos da coligação está o socialista François Hollande, presidente entre 2012 e 2017. Na quinta-feira, ele apoiou de forma plena a criação da Nova Frente Popular, insistindo que é preciso ir "além das divergências", perante o risco de um Executivo liderado pela extrema direita.

Manifestação contra ascensão da direita em Marselha, França
Cerca de 250 mil participaram das passeatas. Ao todo, estão previstos 200 atos contra a ultradireita no fim de semanaFoto: Daniel Cole/AP Photo/picture alliance

Nesse mesmo dia, o Partido Socialista, o EELV, o LFI e o Partido Comunista Francês anunciaram que tinham alcançado seu acordo final. Para tal, tiveram que colocar de lado algumas de suas divergências quanto aos conflitos na Ucrânia e em Gaza.

Contudo, a aliança já atravessa suas primeiras tensões, pois o LFI se recusou a readmitir os opositores do líder partidário Jean-Luc Mélenchon. Os membros excluídos se dizem alvo de um "expurgo" e acusam o ex-candidato presidencial de um "ajuste de contas". Outros lamentam que o aliado de Mélenchon Adrien Quatennens se mantenha na legenda, apesar de ter sido condenado por violência doméstica em 2022.

Durante a passeata em Paris, a líder do sindicato CGT, Sophie Binet, enfatizou que ela e seus aliados da esquerda estão "extremamente preocupados que Jordan Bardella possa se tornar o próximo primeiro-ministro": "Queremos impedir esse desastre."

Falando à Inter Radio, o líder esquerdista Raphaël Glucksmann afirmou: "A única coisa que importa para mim é que a RN não vença e não vá governar. Não podemos deixar a França para a família Le Pen."

Uma sondagem realizada neste sábado dá a vitória à RN com 33% no primeiro turno, contra 25% da Nova Frente Popular. À ala centrista de Macron caberiam 20%. Nesse ínterim, a direita clássica de Os Republicanos (LR) atravessa uma crise interna, pelo fato e o seu líder, Éric Ciotti, não descartar um pacto com Le Pen.

av/le (AP, Lusa, AFP, Reuters)