França acusa Assad por ataque químico
26 de abril de 2017O ministro francês do Exterior, Jean-Marc Ayrault, afirmou nesta quarta-feira (26/04) que o serviço de inteligência da França tem provas científicas de que o governo do presidente Bashar al-Assad foi responsável pelo recente ataque químico na cidade síria de Khan Cheikhoun, que deixou 88 mortos no início de abril.
"Não há dúvida sobre a responsabilidade do regime sírio diante da forma como o gás sarin usado foi produzido", disse Ayrault, destacando que investigadores concluíram sem dúvidas, com base em análises de amostras recolhidas no local, que essa foi a substância empregada no ataque e que ela tem a "assinatura" do governo de Assad.
O ministro acrescentou que as amostras revelaram que o processo de fabricação do gás sarin é típico do método desenvolvido em laboratórios sírios. Segundo Ayrault, a substância usada no ataque contém hexamina, mesmo componente encontrado em outro ataque químico que ocorreu em 2013 no noroeste da Síria e que foi realizado pelo governo.
"Face ao horror desse ataque e às seguidas violações pela Síria dos seus compromissos de não usar armas proibidas pela comunidade internacional, a França decidiu partilhar com os seus parceiros e com a opinião pública mundial as informações de que dispõe", acrescentou Ayrault, após uma reunião do Conselho de Defesa no Palácio do Eliseu, que contou com a presença do presidente François Hollande.
Após as declarações, Moscou, principal aliado do governo sírio, afirmou que as amostras e o tipo de agente não são suficientes para provar de quem é a responsabilidade pelo ataque que ocorreu em Khan Cheikhoun, controlada pela oposição. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a posição da Rússia sobre o ocorrido continua a mesma e somente uma investigação internacional imparcial poderá revelar a verdade sobre o incidente.
A Síria nega ter usado armamento químico no bombardeio. Assad e a Rússia alegam que o regime atingiu, por engano, um depósito usado pelos rebeldes para armazenar seu arsenal químico. O governo sírio ressalta que entregou todo seu arsenal deste tipo à Organização para Proibição de Armas Químicas, após um acordo alcançado entre EUA e Moscou, em 2014.
O ataque, que deixou ainda centenas de feridos, foi condenado pela comunidade internacional, que culpou Assad. Em resposta, os Estados Unidos bombardearam a base aérea síria de onde se acredita que partiram os caças que lançaram o ataque químico sobre Khan Cheikhoun.
CN/afp/lusa/ap